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A Polícia Federal do Paraná deu ontem mais um passo na caminhada para acabar com o crime organizado dentro das instituições policiais do estado, prendendo o ex-policial civil Samir Skandar, que estava foragido havia dois anos e era considerado um dos bandidos mais procurados do estado. Ele é suspeito de homicídio, formação de quadrilha, furto, roubo e desmanche de veículos, tráfico de drogas, além ser apontado como o mandante do incêndio na Promotoria de Investigação Criminal (PIC), ocorrido há cerca de cinco anos.

Ironia do destino, Samir Skandar foi preso dentro de casa, escondido no fundo falso de um armário, no Jardim Social, bairro nobre de Curitiba. Ele foi capturado por agentes da Polícia Federal do Paraná, numa operação conjunta com a Polícia Militar. Segundo vizinhos, ele morava no local há pelo menos cinco anos.

Após receber uma denúncia, a Polícia Federal planejou a ação durante uma semana – estudou todas as possibilidades de fuga e, ontem cedo, fechou a Rua João Evangelista Espíndola. No local, Skandar tem um misto de mansão e fortaleza, com quatro pisos, piscina e muito conforto, embora não receba salários há cerca de dois anos.

Impunidade

Os vizinhos contam que o policial "sempre esteve no local", vivendo com a esposa e dois filhos. "Ele está na casa desde o tempo da CPI do Narcotráfico [há cinco anos]", disse um morador. Ele contou que o policial tinha certeza de que não seria preso, tanto que, às vezes, costumava lavar as calçadas, na rua. Os vizinhos contaram ainda que ele recebia muitas visitas de madrugada, sempre depois da meia-noite.

Skandar estava com a prisão decretada há cerca de dois anos, por suposta atuação numa quadrilha de roubo de automóveis, caminhonetes e caminhões. Ele foi investigado e preso pela CPI Nacional do Narcotráfico, há cerca de cinco anos. Depois, foi apontado como suposto mandante do incêndio da PIC – crime pelo qual ainda não foi julgado. O policial também responde a outras ações penais, todas por suposto envolvimento com desmanches de carros. A polícia desconfia que Skandar é um "laranja", que estaria escondendo pessoas importantes e influentes, que seriam os verdadeiros donos dos negócios ilícitos.

Operação

A operação que resultou na prisão do ex-policial foi batizada de Tentáculos II – uma continuidade do trabalho de investigação ao crime organizado dentro da polícia. A primeira operação batizada de Tentáculos ocorreu no dia 16 de junho e contou com o trabalho de 400 policiais civis, militares e federais. Na ocasião foram detidas 13 pessoas, entre elas nove policiais da ativa e da reserva.

A ação de ontem envolveu 49 policiais federais e militares e começou às 6 horas. Skandar chegou a ver os policiais da janela de casa. Ele tentou se esconder, mas foi encontrado no fundo falso de um armário. De acordo com o superintendente da Polícia Federal do Paraná, Jaber Saadi, o ex-policial ainda não havia sido preso pela habilidade que possuía para fugir e se ocultar da polícia. Ele já havia fugido em duas operações anteriores montadas para tentar capturá-lo. Segundo o delegado federal Fernando Francischini, que coordenou a operação, a Polícia Federal está cruzando todas as informações para rastrear outros policiais ligados a Skandar. "Ele é um arquivo vivo", afirmou Francischini.

Na casa onde foi preso foram encontrados vários esconderijos e nos três veículos apreendidos (de modelos Audi A3, Blazer e Vectra) havia fundos falsos. Além da prisão e apreensão de veículos, a polícia ainda recolheu documentos – entre identidade, passaporte e cartões de crédito falsos – placas frias de carro, duas pistolas 40 de uso da Polícia Civil e um revólver calibre 38.

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