• Carregando...
 | Andrea Graiz/Agência RBS/Folhapress
| Foto: Andrea Graiz/Agência RBS/Folhapress

Dois anos após a tragédia da boate Kiss, em Santa Maria (RS), o processo sobre as 242 mortes provocadas pelo incêndio anda em ritmo lento na Justiça gaúcha, sem perspectiva de ser julgado logo.

Os quatro acusados seguem em liberdade após terem ficado quatro meses detidos em 2013. São réus na ação os sócios da casa noturna Elissandro Spohr e Mauro Hoffmann, o vocalista da banda Gurizada Fandangueira Marcelo de Jesus e o produtor do grupo, Luciano Bonilha Leão. Os dois últimos são acusados de manusear o artefato pirotécnico que iniciou o fogo.

Cerca de 180 pessoas já foram ouvidas no processo. Após o fim dessas audiências, a defesa e a acusação apresentarão argumentos antes de o juiz decidir se o caso irá a júri popular e se manterá a acusação, enviada pela Promotoria, de homicídios com dolo eventual (quando o acusado assume risco de matar).

O juiz responsável, Ulisses Louzada, pode determinar ainda uma reconstituição do crime antes do julgamento. O prédio da casa noturna passou em dezembro por uma operação de limpeza que retirou substância tóxicas e escombros. A mesma Vara possui outras 3 mil ações criminais em tramitação. Outros processos paralelos relativos à tragédia também estão pendentes na Justiça gaúcha.

A decisão mais efetiva até hoje ocorreu em um procedimento administrativo da Brigada Militar (a PM gaúcha). A corporação decidiu expulsar um sargento do Corpo de Bombeiros porque ele foi sócio de uma empresa que prestou serviço à Kiss, embora seu cargo exigisse dedicação exclusiva ao Estado. No mês passado, o Ministério Público denunciou 34 pessoas suspeitas de crime de falsidade ideológica na regularização da boate junto ao poder público antes do incêndio.

O andamento dos pedidos de indenização para as famílias também é moroso. Em 2013, a Justiça concedeu uma liminar determinando o pagamento de pensões aos familiares e às vítimas, mas a ordem acabou cassada em segunda instância.

"Com os dois anos, ainda está inerte e, por enquanto, ninguém recebeu nada. O sentimento é de impunidade. Gradativamente, isso vai dilacerando as pessoas", diz Adherbal Ferreira, líder da associação de vítimas e familiares dos mortos no incêndio. Ele perdeu uma filha na tragédia.

Homenagem

A madrugada de ontem foi de homenagens às 242 vítimas fatais e outras centenas de feridos pelo incêndio na Kiss. Pais, amigos e familiares se reuniram em frente ao prédio em que funcionava a boate para se lembrar dos entes que se foram e pedir Justiça (foto). Entre as várias homenagens, às 2h30 da madrugada,foi feita uma contagem do um ao 242 na Rua dos Andradas. No asfalto foi pintado um coração branco, envolto por velas. Dentro, foram depositadas fotografias das vítimas.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]