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Agricultores não podem obstruir os trabalhos sob pena de multa diária de R$ 100 mil | Marcelino Duarte
Agricultores não podem obstruir os trabalhos sob pena de multa diária de R$ 100 mil| Foto: Marcelino Duarte

Interdito

Justiça dá liminar favorável à empresa; Polícia está no local

Por volta das 15 horas de ontem um oficial de Justiça esteve na área de construção da usina e apresentou uma liminar expedida pela Comarca de Capanema com um interdito proibitório em favor da empresa responsável pela obra. Pela decisão judicial, os agricultores não podem obstruir os trabalhos sob pena de multa diária de R$ 100 mil. Ninguém do movimento assinou a intimação.

A Polícia Militar também está no local, assumiu o controle da entrada de pessoas ao canteiro de obras e está identificando todas as pessoas que entram e saem. Segundo o tenente Cesar Sebastião da Silva, a presença da polícia é para "garantir a segurança dos manifestantes".

Uma reunião foi marcada para amanhã com representantes do governo e da empresa responsável pelas obras.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) informou que a desocupação deve ser resolvida entre os agricultores e o dono da usina. A função da Aneel é realizar o leilão e depois a fiscalizar o cumprimento do cronograma estabelecido.

Já a Odebrecht Infraestrutura disse que as atividades no canteiro de obras foram suspensas após a ocupação dos agricultores e continuarão paralisadas temporariamente como precaução.

11 famílias de Planalto terão de ser desapropriadas para a construção da usina segundo a Odebrecht. Segundo os moradores, o número é de 27.

Um grupo composto por aproximadamente 300 agricultores de cinco municípios das regiões Sudoeste e Oeste do Paraná ocupou, na manhã de ontem, o canteiro de obras da Odebrecht, responsável pela construção da Usina Hidrelétrica do Baixo Iguaçu, em Capanema, no Oeste do estado. Os produtores, que terão suas propriedades alagadas pelo reservatório da futura usina que começou a ser construída há pouco mais de dois meses, alegam violação dos direitos humanos.

A ocupação, segundo os agricultores, é por tempo indeterminado e cobra a revisão do Plano Básico Ambiental (PBA), recadastramento dos atingidos pela barragem, novo termo de acordo, além de proposta de garantia de indenização e melhores preços para as propriedades. "O acampamento será por tempo indeterminado", diz Carlos Alberto da Silva, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

Rodrigo Zancanaro, da coordenação do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), diz que há mais de um ano a empresa não apresenta nada de concreto em relação aos direitos dos agricultores. "Não tem nenhum termo de acordo que coloque as regras que vão se estabelecer para as famílias que querem reassentamento", afirma. Segundo o MAB, sem o diálogo com a empresa não restou alternativa a não ser ocupar o local.

Ainda de acordo com o movimento, o novo recadastramento das famílias é necessário, já que o adotado como regra pela empresa traz informações de 2008. O movimento afirma que a construtora sonega informações sobre o andamento dos processos de desapropriação e o número exato de famílias que serão atingidas. "Só no município de Planalto, o estudo deles apresenta 11 famílias, mas são 27 as atingidas diretamente pela água", afirma Zancanaro.

O agricultor Lucas Ivar Primo, morador de Capitão Leônidas Marques, diz que o movimento é apartidário e ressalta que foi a empresa que "invadiu a terra dos agricultores". Ele cobra ainda que as terras para reassentamentos sejam adquiridas pela empresa na própria região onde vivem as famílias. Os agricultores preferem não falar em valores da indenização, mas garantem que o proposto até o momento está abaixo da realidade. "Um critério básico seria o valor social e cultural das áreas do entorno do lago", avalia.

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