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Uma campanha tenta arrecadar fundos para que Chico seja submetido a uma cirurgia na Inglaterra | Reprodução/Facebook
Uma campanha tenta arrecadar fundos para que Chico seja submetido a uma cirurgia na Inglaterra| Foto: Reprodução/Facebook

Tido como um território virtual usado para destilar ódios, preconceitos e “mimimis”, o Facebook pode ter uma outra face, bem mais nobre: a da solidariedade. Não são raros os casos em que o potencial de compartilhamento de postagens da rede social contribui para unir pessoas em torno de determinadas causas e fazer avançar iniciativas “do bem”. Algumas, inclusive, que ajudaram a salvar vidas.

Uma delas – a campanha que busca financiar uma cirurgia para o pequeno Chico – ainda está em andamento. Outra é permanente: ajudou a chamar a atenção para a doação de sangue e mostrou a força que uma corrente de amigos pode ter. Uma terceira iniciativa teve final feliz: ajudou um jovem a encontrar o cão, que estava desaparecido havia quatro anos. Veja cada uma delas, em detalhes:

Uma esperança para Chico

Aos quatro anos de idade, Francisco Marzola Benitez – o Chico – não come quase nada. À exceção da pizza de mussarela e do biscoito de polvilho, o menino rejeita qualquer outro prato ou aperitivo. Não, não é manha. Chico foi diagnosticado com Síndrome do Intestino Curto (SIC) e, em decorrência da doença, desenvolveu aversão à comida. A alimentação do garoto é feita por uma máquina que, por meio de um cateter, ministra uma espécie de vitamina diretamente em uma veia. Para isso, Chico precisa ficar 12 horas por dia preso ao “fio” – como ele mesmo chama o equipamento.

Para ver-se livre do “fio”, Chico precisa ser submetido a uma cirurgia em Manchester, na Inglaterra, e que custa R$ 400 mil. Para levantar recursos, a família do menino lançou uma campanha no Facebook, que já conta com um site próprio e loja virtual. A esperança é que o procedimento possa ser feito em março.

“A cirurgia não é um passe de mágica: fez e pronto, tá tudo bem. Mas é a única chance para o Chico. São 92% de chances de, depois da cirurgia, ele ficar livre da alimentação por meio dessa bomba”, disse o pai do menino, Bruno Bravin.

A condição clínica de Chico piorou nos últimos meses. A barriga do menino aumentou, por causa de uma dilatação do intestino, associada à falta de musculatura na parede do abdome. Em razão disso, ele tem tido dificuldade de “segurar” o alimento no intestino e tem tido diarreias várias ao dia. “Ele tem sentido muito desconforto, muita diarreia. A gente queria ameniza isso, dar uma condição melhor para ele”, apontou o pai.

Enquanto isso, a família luta para dar uma vida normal ao garoto, dentro das limitações impostas pela doença. Chico já sabe ler e a contar – adora brincar com cubos de letras e jogos de números. Quando pode, frenquenta a escola em meio período, acompanhado por uma enfermeira. Andar descalço ou pisar na areia – coisas tão comuns a outras crianças – são um luxo raro a Chico, por causa do risco de infecções.

No Facebook

Até a terça-feira (10), a campanha na internet já havia arrecadado mais de R$ 21 mil. A família de Chico ficou surpresa com a rede que se formou em torno do menino. Além de dinheiro, o pai do garoto já recebeu objetos – como um piano e um computador – para serem vendidos. Isso sem falar de centenas de manifestação de solidariedade.

“Toda essa empatia nos emociona muito. São pessoas que a gente nunca viu, que não nos conhecem e que são de longe. Temos doação de Rondonia, do Paraná, do Rio de Janeiro, de Santa Catarina,... de todo o Brasil”, disse Bravin.

Em contrapartida, a família aposta na transparência: posta periodicamente os extratos bancários, para mostrar a quantas andam as doações. Tanto a página no Facebook, quanto o site de Chico contam com vídeos do menino carismático e informações sobre a doença. Como diz a hastag #vaichico.

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A “corrente” do Pedro

A vida do publicitário Pedro Franco, de 42 anos, mudou em julho de 2015. O curitibano radicado em São Paulo descobriu um câncer no intestino, contra o qual teria que lutar. Em meio ao tratamento, era natural que os amigos quisessem saber de notícias sobre o estado de saúde. Para facilitar a troca de informações, a mulher dele, a curitibana Miramaia Graça criou um grupo de WhatsApp. O canal acabou se tornando uma grande “corrente do bem” em prol de Pedro.

A partir de então, a “corrente do Pedro” se expandiu também para o Facebook. Foi por meio da rede social que, no início deste ano, amigos do publicitário publicaram um GIF, pedindo doadores de sangue do tipo O- (o tipo sanguíneo mais raro). No dia anterior à publicação, o paciente havia sofrido uma hemorragia e precisaria intensificar as transfusões.

O GIF viralizou e, em pouco tempo, o banco de sangue do Hospital Osvaldo Cruz, em São Paulo – onde Pedro está internado – coletou mais de 200 bolsas: estoque suficiente para 42 dias. Mais do que isso: a iniciativa atraiu novos doadores, a ponto de o hospital solicitar que as coletas sejam agendadas previamente.

“As pessoas se sentiram convocadas a ajudar, o que foi muito bonito. São pessoas que nem nos conhecem, mas que doaram. Teve um cara de Campinas que viu a postagem, dirigiu até São Paulo, doou sangue e voltou a Campinas no mesmo dia”, disse Miramaia.

Não foi a primeira vez que a “corrente do Pedro” o ajudou. Em uma ocasião, ele precisava de cadeira de rodas. Logo, o grupo se articulou e conseguiu duas: uma para ficar no hospital; outra para permanecer em casa. Em outra vez, Pedro precisava tomar suplementos alimentares e os amigos deram aquela força para importar o produto.

A internação mais recente de Pedro já passa dos 45 dias. Não é fácil. Ele precisa de transfusões diárias de sangue e de plaquetas. Chega a necessitar de cinco bolsas de sangue por dia. Além disso, ele fica longe das filhas Marina e Betina. O apoio dos amigos – ainda que virtual – é um alento e tanto nesta batalha. No grupo de WhatsApp, já criaram a “hora do Pedro”, em que todos param para mandar boas vibrações ao paciente.

“Todos dia, às 22 horas, todo mundo se concentra e faz uma oração ao Pedro, de acordo com a sua crença. Todo mundo põe aquela ‘mãozinha’ no WhatsApp, para simbolizar que está vibrando junto com o Pedro. Nos emociona demais”, contou Miramaia.

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O Bob voltou

O vira-latas Bob estava desaparecido havia quase quatro anos, em Piracicaba, interior de São Paulo. O antigo dono do cão, Daniel Caminaga, tinha praticamente perdido as esperanças de achar o animalzinho. No inicio deste ano, ele reencontrou o cachorro por acaso, graças ao Facebook.

Caminaga navegava pela internet, quando se deparou com uma publicação do XV de Piracicaba – clube para o qual torce. A postagem trazia a foto de um cão chamado Toddy, oferecendo-o para a adoção. “Eu fiquei muito surpreso, porque o cachorro era muito parecido com o Bob. Muito parecido mesmo, sabe? Meu pai foi lá no canil ver e era o nosso Bob. Foi uma alegria”, contou o rapaz.

A publicação se tratava de uma campanha, fruto de uma parceria entre o XV de Piracicaba e o Centro de Zoonoses da cidade. A cada semana, o clube publica fotos de dois cachorros abandonados no canil, incentivando a adoção. Bob, por exemplo, estava no canil havia um ano e sete meses.

“Para a gente, foi uma surpresa. Nós temos uma rede de 70 mil seguidores, então queríamos incentivar a doação dos cães. Jamais pensamos que reencontraríamos o verdadeiro dono”, disse o coordenador de comunicação do XV, Fernando Galvão.

O desaparecimento

Antes de desaparecer, Bob costumava dar saidinhas independentes nos arredores da casa em que morava. Quando Caminaga assoviava, o cachorro voltava correndo à residência. Um dia, no entanto, o animalzinho sumiu. O dono supõe que Bob tenha sido raptado e levado para alguma chácara da região.

“É um cachorro bonito, de bom pelo. Alguém deve ter pegado ele. Pela data que ele desapareceu, acho que ele ficou uns dois anos neste lugar, fugiu e foi parar no canil”, estima o rapaz.

Bob já se reencontrou com a família. De cara, reconheceu a irmã de Caminaga, com quem era mais apegado. Os anos distantes, no entanto, parecem ter deixado marcas. “Ele ficou meio receoso com homens. Acho que judiaram dele”, aponta. Apesar disso, o cachorro está bem e readaptado ao antigo lar. Contudo, as saidinhas independentes estão suspensas. “Passear agora, só na coleira. Não vamos arriscar de novo, né?”, finaliza Caminaga.

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