A professora Ilma Luciane Dias Proença, 30 anos, diz que quase perdeu a vida após fazer uma cirurgia de estômago há quatro anos. Ela acusa o profissional que fez a operação por erro médico. "Nem registro de cirurgião o médico tinha. Ele me enganou", conta. Ilma lembra que ficou muito mal. "Perdi 20 quilos em três meses e quase morri." Ela denunciou o médico ao Conselho Regional de Medicina (CRM) na época, mas diz que se frustrou com o resultado do processo. "Não adiantou nada, ele continua atuando até hoje. Agora, estou com uma ação na Justiça para exigir meus direitos", afirma.
Há 20 anos, a advogada Célia Destri defende os direitos de pessoas que sofreram danos físicos devido a erros médicos. No fim de 1990, Célia perdeu um rim por negligência médica. Ao sair do hospital, decidiu lutar por justiça. Poucos meses depois, em 1991, ela fundou a Associação das Vítimas de Erros Médicos (Avermes), no Rio de Janeiro. "Denunciar um médico ao CRM é uma perda de tempo. É lógico que existe corporativismo. Não adianta nada, médico não pune médico. Eu aconselho a entrar na Justiça e pedir a reparação de danos. E isso vale para qualquer categoria profissional, inclusive para a minha [a Ordem dos Advogados do Brasil]", diz.
A Avermes conta com cinco advogados voluntários comandados por Célia. Ela e sua equipe brigam por indenizações na Justiça. Já ganharam 150 processos e acompanham outros 700. Perfuração intestinal e de esôfago, instrumentos cirúrgicos esquecidos em pacientes, negligência em partos e em cirurgias de miopia são exemplos de casos defendidos pela associação.
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