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Trânsito

Que tipo de pedestre te irrita?

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Ouvir pedestre reclamando de motorista barbeiro ou que desrespeita as leis de trânsito não é nada difícil em Curitiba – assim como em várias cidades do mundo. Faz parte da cultura do pedestre protestar contra os pilotos abusados. O inverso, entretanto, não é tão comum. Ao que parece, a maioria dos motoristas guarda para si as queixas sobre os pedestres folgados. Para dar voz a essas pessoas, a reportagem da Gazeta do Povo ouviu taxistas, motoristas de ônibus e motociclistas. Foi a vingança do pipoqueiro, ou melhor, do motorista. Juntos, os condutores de diferentes veículos ajudaram a formular os perfis de pedestres que mais incomodam os motoristas no dia a dia* * * * * *Distração: é aí que mora o perigo de ser atropelado

Para a Urbanização de Curitiba (Urbs) e o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) – órgãos que cuidam, respectivamente, do planejamento e do policiamente do trânsito em Curitiba –, se os pedestres redobrassem a atenção ao sair de casa, muitos acidentes seriam evitados. "Quando todos fazem a sua parte, existe uma grande possibilidade de o acidente ser evitado. Quando o pedestre toma as devidas precauções e o motorista também, dificilmente temos algum problema", comenta Gér­son Teixeira, agente do BPTran.

De acordo com Teixeira, ao sair de casa, o pedestre deve estar consciente de que não está sozinho. "Ele vai se deparar com carros, ônibus, motocicletas. Por isso deve redobrar a atenção", afirma. "Mui­tas vezes, porém, o pedestre está distraído, com um fone de ouvido. Não presta atenção na rua, no que está acontecendo. É aí que mora o perigo", complementa.

Segundo a diretora de Trân­­­sito da Urbs, Rosângela Battis­­­tella, o pedestre tem que se fazer ver. "Ele precisa acenar quando for necessário, principalmente em ruas não sinalizadas. Precisa respeitar a sinalização. Não ser apressado. Quando o semáforo tiver botão, tem que esperar, não pode apertar e sair andando. Também não deve andar entre os carros, quando a rua estiver congestionada. E ainda é necessário olhar sempre para os dois lados, prestar atenção", diz.

Em Curitiba, até o dia 30 de setembro, foram registrados 1.488 atropelamentos. A média é de cinco por dia. No mesmo período, 114 pessoas morreram atropeladas nas ruas da capital paranaense. Os dados são do Corpo de Bombeiros do Paraná.

Neste ano, conta o agente Teixeira, o BPtran realizou 33 eventos de conscientização. "Posicionamos viaturas em locais estratégicos da cidade, com banners educativos. Distribuímos folhetos, orientamos motoristas sobre a importância de se respeitar os pedestres. E o trabalho não para. As equipes do BPTran continuam nas ruas desenvolvendo o trabalho de conscientização", afirma.

Segundo Rosângela Battis­­tella, para evitar os acidentes, a Urbs está investido em sinalização. "Nós desenvolvemos ações em 150 locais da cidade. Mais de 50 mil pedestres foram orientados. Distribuímos panfletos sobre educação para a mobilidade. Os nossos agentes estão sempre atentos, apitam, orientam. Investimos muito em sinalização nova, pintura de faixa, semáforos, faixas elevadas", informa.

A preferência sempre é do lado mais frágil

Apesar da existência dos pedestres "folgados", os motoristas devem sempre dar prioridade a quem não estiver no volante. Não esqueça: enquanto você está dentro de uma tonelada de aço, o pedestre tem apenas a roupa que ele veste para se proteger. O Código Brasileiro de Trânsito (CBT) é claro quando afirma que quem atravessa a rua sobre a faixa de segurança tem preferência. Quando houver semáforo, os motoristas devem esperar que os pedestres atravessem a faixa, para depois avançar.

Segundo o CBT, o pedestre tem outros direitos. Nas ruas, a calçada é uma área de utilização assegurada, assim como os acostamentos das vias rurais. Nas áreas urbanas, o pedestre também tem preferência sobre os veículos nas pistas de rolamento, quando não houver calçadas ou não for possível andar sobre elas.

Deveres

Mas quem pensa que a pessoa que opta pela caminhada só tem direitos está enganado. O artigo 254 do Código Brasileiro de Trânsito proíbe o pedestre de andar no meio da rua ou fora da faixa e passarela. De acordo com o CBT, quem desobedecer a lei está sujeito à multa de R$ 26,60 – regra que nunca foi aplicada, porém, no país.

Na opinião de André Caon, presidente da Sociedad Peatonal, nunca vai existir um pedestre "folgado". "Quem é folgado é o motorista. As cidades são projetadas para os carros, para os motoristas. Não para os pedestres. Os pedestres são uma exceção. Os motoristas devem ser responsabilizados sempre, independentemente da situação, não o contrário", afirma.

Entre julho e agosto deste ano, apenas na capital, 2.675 in­­frações de paradas sobre a faixa de pedestres foram flagradas por 41 radares. No mesmo período, os equipamentos marcaram 10.122 infrações de avanço de sinal vermelho. (GA)

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