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Animais também fogem da fumaça que se alastrou  por  estados das regiões Centro-Oeste e Norte. São mais de 30 mil registros de fogo neste ano no país | Marcelo Casal/ABr
Animais também fogem da fumaça que se alastrou por estados das regiões Centro-Oeste e Norte. São mais de 30 mil registros de fogo neste ano no país| Foto: Marcelo Casal/ABr

O número de focos de incêndios acumulado do início do ano até 16 de agosto aumentou 100% em relação ao mesmo período de 2009. Até o começo desta semana, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrava 30.825 focos de incêndios em todo o Brasil, o dobro de 2009, quando foram registrados 15.228 focos.De acordo com o coordenador do Monitoramento de Queimadas do Inpe, Alberto Setzer, 2010 está sendo um ano muito mais seco do que 2009, com temperaturas mais altas, umidade relativa do ar mais baixa e sem chuvas, o que facilita a propagação do fogo.

"Em 2009, a região do Brasil Central chegou a ter 10 milímetros de chuva em agosto. Este ano, até agora, não caiu uma gota d’água. Em partes de Minas [Gerais] e Goiás e no Tocantins não chove há mais de três meses", comparou.

Além da questão climática, Setzer disse que o aumento expressivo dos focos de queimadas de um ano para o outro também se deve à dinâmica do setor agropecuário e ao período eleitoral. Na avaliação do pesquisador, o momento econômico favorável à expansão dos rebanhos e das áreas agrícolas leva ao aumento do uso de fogo pelos produtores rurais para abrir pastagem e limpar a terra para o cultivo. Com a estiagem e a vegetação seca, o risco de perder o controle da queimada é quase inevitável.

Já o período eleitoral influencia na fiscalização. "Por ser ano eleitoral, a fiscalização não está tão intensa quanto poderia estar", ponderou Setzer. A indefinição sobre o futuro da legislação ambiental brasileira – com a possibilidade de mudanças no Código Florestal – também pode estar estimulando, segundo ele, crimes ambientais, inclusive as queimadas.

"Nenhuma dessas queimadas é natural. Sempre começam porque alguém fez o que não devia, agindo contra as leis florestais. Não são incêndios naturais, o clima seco ajuda a expandir, mas alguém começou o fogo", explicou o pesquisador à Agência Brasil.

O aumento expressivo do número de focos de queimadas em 2010 ainda não deverá ter reflexos na taxa anual de desmatamento, calculada pelo Inpe e com previsão de divulgação até novembro. "O fogo danifica muito a floresta, há uma degradação intensa, o que facilita o processo de desmate", explica Setzer. "Todas as áreas afetadas pelo fogo em pouco tempo deixam de ser floresta e viram outra coisa", acrescenta.

Pelo menos para os próximos dias, a previsão é que as condições climáticas continuem favoráveis às queimadas, com a combinação de estiagem, altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar. Ontem, em todo o Brasil, o Inpe registrou 13,5 mil focos de incêndios.

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