
Entidades de classe da odontologia divergem quando o assunto é a recorrência de problemas em tratamentos dentários. O presidente do Sindicato dos Odontologistas no Estado do Paraná (Soepar), Fabiano Augusto Sfier de Mello, afirma que as reclamações são constantes e que estão crescendo por causa da proliferação de clínicas populares. Já o Conselho Regional de Odontologia do Paraná (CRO-PR) foi procurado novamente pela reportagem e manteve a posição de que são raras as denúncias por serviço prestado inadequadamente.
Na segunda-feira, a Gazeta do Povo mostrou que uma série de fatores como a melhoria nas condições financeiras da população, o aumento na quantidade de profissionais formados e a ampliação de programas governamentais motivou a expansão do atendimento odontológico no país.
O Soepar alega que ao menos uma denúncia de problemas em tratamentos dentários é registrada por dia no estado. Em algumas clínicas os serviços seriam prestados por auxiliares (e não por dentistas), colocando em risco a saúde de quem procura atendimento. Ao total, 185 reclamações foram levadas ao CRO-PR e 377 chegaram para o Procon em 2013 alguns casos teriam sido apresentados às duas instâncias. Há ainda casos que vão ser discutidos na Justiça.
Divergências
Para o presidente do sindicato, parte dos problemas que têm acontecido na prestação de serviços à população está relacionada à precarização do trabalho do dentista. Em busca de preços menores, algumas clínicas estariam optando por materiais de baixa qualidade e não teriam itens básicos de segurança, como luvas descartáveis. Ele também afirma que a legislação sobre contratação de profissionais não está sendo cumprida.
O pagamento proporcional ao número de atendimentos realizados é proibido. Terceirizar a contratação de dentistas em clínicas odontológicas não é permitida pela lei. A situação foi levada pelo sindicato à Delegacia do Trabalho, que teria se comprometido a investigar os casos.
Segundo Daniele Costa Bocheko, do conselho de ética do CRO-PR, dos 115 processos que chegaram ao órgão, cerca de 70% eram relacionados a publicidade irregular sem nenhuma relação direta com mau atendimento. Já entre os 30% restantes, são mais comuns os casos da chamada "quebra do relacionamento do profissional com o paciente". Seriam situações em que o tratamento começou atencioso e depois o usuário do serviço considera que passou a ser tratado de forma desleixada. "Ou o paciente solicitou a documentação de ortodontia e o dentista não entregou."



