Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Incidente em gravataí

Reconstituição da morte de sargento gaúcho será realizada dia 17

Policiais do Grupo Tigre, que estão presos em Curitiba pela morte do sargento, deverão ser levados ao RS, onde o procedimento será realizado. Despesas do translado serão custeadas pelo Paraná

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (RS) marcou para a próxima terça-feira (17), a reconstituição simulada do confronto entre policiais paranaenses do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) e o sargento Ariel da Silva, da Brigada Militar, e que terminou com a morte do policial gaúcho. O caso ocorreu no dia 21 de dezembro, em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, quando os agentes paranaenses investigavam o sequestro de dois fazendeiros. Na sequência, um dos reféns foi morto com dois tiros, quando policiais gaúchos tentavam libertá-los.

Segundo o delegado da Corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Paulo Rogério Grillo, responsável pelas investigações, a intenção era realizar a reconstituição ainda nesta semana, mas os laudos periciais (de local, de balística e necropsia) ainda não ficaram prontos. "Essas perícias são importantes para sanar algumas dúvidas e para nos direcionar, para que possamos fazer uma reconstituição que chegue mais perto do que realmente aconteceu", afirmou Grillo.

Para que o procedimento seja realizado, os três policiais paranaenses, que estão presos em Curitiba, deverão ser apresentados à Polícia Civil gaúcha na segunda-feira (16). As despesas administrativas – o translado e as diárias – da remoção dos agentes ao Rio Grande do Sul deverão ser custeadas pelo governo do Paraná. "Já entramos em contato com o Paraná para que a apresentação na data estipulada seja viabilizada, conforme determinação judicial", acrescentou o delegado.

Paralelamente, a Corregedoria da Polícia Civil do RS trabalha para refazer os últimos passos do sargento Ariel da Silva. O objetivo, segundo o delegado, é apurar o que o policial gaúcho fazia naquele local, quando tentou abordar os agentes paranaenses com arma em punho, ocasionando o tiroteio. O sargento estava à paisana e em uma moto sem identificação. Em depoimento, os policiais do Tigre disseram que confundiram o brigadista com um bandido.

Na semana passada, a Justiça gaúcha autorizou a quebra do sigilo telefônico de Ariel da Silva. As informações devem ajudar a polícia a descobrir se o sargento passava ocasionalmente no local onde o tiroteio ocorreu ou se mantinha alguma atividade ali. "Ninguém relatou ainda o que ele fazia naquele local. Não sabemos se ele pediu apoio ou não, se foi uma suspeita circunstancial", afirmou o delegado.

Desgaste entre autoridades paranaenses e gaúchas

Uma semana depois do incidente que acabou com a prisão dos policiais paranaenses, o Paraná elevou pela primeira vez o tom do discurso. O deputado federal Francischini saiu em defesa dos policiais paranaenses e apresentou à Comissão Representativa do Congresso Nacional um requerimento pedindo que o governador gaúcho Tarso Genro (PT) explique o "tratamento diferenciado" dado aos agentes paranaenses e gaúchos, envolvidos no episódio.

"O caso está virando uma questão política, porque o governador do Rio Grande do Sul está querendo encobrir um erro da polícia gaúcha, que ele comanda, jogando toda a culpa em cima dos policiais do Paraná. Ele [Genro] está superdimensionando o acontecimento para acobertar a própria falha", atacou o deputado, em entrevista à Gazeta do Povo.

Anteriormente, Genro havia classificado a ação dos policiais paranaenses como uma "operação irresponsável e ilegal", segundo o jornal Zero Hora. Os chefes da Brigada Militar e da Polícia Civil gaúcha também condenaram a atuação dos agentes. O principal argumento era que a Polícia Civil paranaense não teria avisado as autoridades gaúchas sobre a operação.

Uma organização independente formada por delegados paranaenses, a Comissão de Direitos Humanos "Irmãos Naves", divulgou um relatório avaliando que não houve "ilegalidade" ou "clandestinidade" na ação dos policiais do PR. O documento ressalta que, de acordo com o Código do Processo Penal (CPP), a comunicação sobre a operação às autoridades gaúchas poderia ocorrer ao fim dos trabalhos. O relatório destaca ainda a natureza sigilosa da ação e o risco que corriam as vítimas. Segundo o texto, assinado pelo delegado Cláudio Marques, conselheiro da comissão, a Brigada gaúcha quebrou o sigilo da operação.

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.