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Entenda o caso

Na madrugada de 21 de dezembro, o Grupo Tigre investigava o sequestro dos fazendeiros paranaenses Osmar José Finkler e Lírio Persch, que haviam ido a Gravataí para comprar uma máquina agrícola anunciada pela internet. Os três investigadores faziam um levantamento quando o sargento Ariel da Silva, da Brigada Militar, tentou abordá-los em uma avenida. Segundo o depoimento dos agentes, o sargento estava à paisana e desceu da moto com arma em punho. Houve troca de tiros, o brigadista foi atingido por cinco tiros e morreu.

Na manhã do mesmo dia, os sequestradores e as vítimas deixavam o cativeiro em um carro. Policiais gaúchos tentaram abordar o veículo. Lírio Persch foi atingido por dois tiros nas costas e morreu. Osmar José Finkler disse que os tiros foram disparados por delegados gaúchos.

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul (RS) marcou para a próxima terça-feira (17), a reconstituição simulada do confronto entre policiais paranaenses do Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) e o sargento Ariel da Silva, da Brigada Militar, e que terminou com a morte do policial gaúcho. O caso ocorreu no dia 21 de dezembro, em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre, quando os agentes paranaenses investigavam o sequestro de dois fazendeiros. Na sequência, um dos reféns foi morto com dois tiros, quando policiais gaúchos tentavam libertá-los.

Segundo o delegado da Corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Paulo Rogério Grillo, responsável pelas investigações, a intenção era realizar a reconstituição ainda nesta semana, mas os laudos periciais (de local, de balística e necropsia) ainda não ficaram prontos. "Essas perícias são importantes para sanar algumas dúvidas e para nos direcionar, para que possamos fazer uma reconstituição que chegue mais perto do que realmente aconteceu", afirmou Grillo.

Para que o procedimento seja realizado, os três policiais paranaenses, que estão presos em Curitiba, deverão ser apresentados à Polícia Civil gaúcha na segunda-feira (16). As despesas administrativas – o translado e as diárias – da remoção dos agentes ao Rio Grande do Sul deverão ser custeadas pelo governo do Paraná. "Já entramos em contato com o Paraná para que a apresentação na data estipulada seja viabilizada, conforme determinação judicial", acrescentou o delegado.

Paralelamente, a Corregedoria da Polícia Civil do RS trabalha para refazer os últimos passos do sargento Ariel da Silva. O objetivo, segundo o delegado, é apurar o que o policial gaúcho fazia naquele local, quando tentou abordar os agentes paranaenses com arma em punho, ocasionando o tiroteio. O sargento estava à paisana e em uma moto sem identificação. Em depoimento, os policiais do Tigre disseram que confundiram o brigadista com um bandido.

Na semana passada, a Justiça gaúcha autorizou a quebra do sigilo telefônico de Ariel da Silva. As informações devem ajudar a polícia a descobrir se o sargento passava ocasionalmente no local onde o tiroteio ocorreu ou se mantinha alguma atividade ali. "Ninguém relatou ainda o que ele fazia naquele local. Não sabemos se ele pediu apoio ou não, se foi uma suspeita circunstancial", afirmou o delegado.

Desgaste entre autoridades paranaenses e gaúchas

Uma semana depois do incidente que acabou com a prisão dos policiais paranaenses, o Paraná elevou pela primeira vez o tom do discurso. O deputado federal Francischini saiu em defesa dos policiais paranaenses e apresentou à Comissão Representativa do Congresso Nacional um requerimento pedindo que o governador gaúcho Tarso Genro (PT) explique o "tratamento diferenciado" dado aos agentes paranaenses e gaúchos, envolvidos no episódio.

"O caso está virando uma questão política, porque o governador do Rio Grande do Sul está querendo encobrir um erro da polícia gaúcha, que ele comanda, jogando toda a culpa em cima dos policiais do Paraná. Ele [Genro] está superdimensionando o acontecimento para acobertar a própria falha", atacou o deputado, em entrevista à Gazeta do Povo.

Anteriormente, Genro havia classificado a ação dos policiais paranaenses como uma "operação irresponsável e ilegal", segundo o jornal Zero Hora. Os chefes da Brigada Militar e da Polícia Civil gaúcha também condenaram a atuação dos agentes. O principal argumento era que a Polícia Civil paranaense não teria avisado as autoridades gaúchas sobre a operação.

Uma organização independente formada por delegados paranaenses, a Comissão de Direitos Humanos "Irmãos Naves", divulgou um relatório avaliando que não houve "ilegalidade" ou "clandestinidade" na ação dos policiais do PR. O documento ressalta que, de acordo com o Código do Processo Penal (CPP), a comunicação sobre a operação às autoridades gaúchas poderia ocorrer ao fim dos trabalhos. O relatório destaca ainda a natureza sigilosa da ação e o risco que corriam as vítimas. Segundo o texto, assinado pelo delegado Cláudio Marques, conselheiro da comissão, a Brigada gaúcha quebrou o sigilo da operação.

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