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meio ambiente

Recursos do ICMS Ecológico não ‘saciam’ cidades produtoras de água

Com severas restrições ao uso de seu território, municípios como Piraquara, na Grande Curitiba, cobram mais recursos para investimentos em infraestrutura

Represa Piraquara 2, que abastece Curitiba e região metropolitana. Município da RMC vive atrasos por ter de preservar a água. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Represa Piraquara 2, que abastece Curitiba e região metropolitana. Município da RMC vive atrasos por ter de preservar a água. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O governo do Paraná ampliou em junho último o número de municípios que recebem recursos do ICMS Ecológico. A verba – paga a cidades que abrigam unidades de conservação ou áreas de mananciais – destinou cerca de R$ 230 milhões em 2014, sendo que metade desse montante (R$ 115 milhões) foi repartida entre 82 cidades produtoras de água. Em 2015, Bocaiúva do Sul, Fazenda Rio Grande, Rio Branco do Sul e Tijucas do Sul, todas na Região Metropolitana de Curitiba, se juntaram ao grupo.

Apesar de o ICMS Ecológico ser importante para financiar a preservação ambiental, os municípios donos de mananciais reclamam que o dinheiro é pouco, principalmente para quem possui sérias restrições ao uso de seu território e, ao mesmo tempo, precisa gerar caixa para manter e ampliar a infraestrutura urbana: postos de saúde, escolas, entre outros serviços para a população. Além disso, o dinheiro do ICMS acaba sendo diluído – seguindo-se alguns critérios técnicos – entre dezenas de prefeituras. Piraquara, na Grande Curitiba, é o exemplo mais emblemático dessa situação.

Apesar de ser detentora de quase 30% da água bruta reservada ao abastecimento público da região metropolitana e com quatro áreas de conservação ambiental em seu território, que limitam bastante o uso do solo, os recursos oriundos de compensações por serviços ambientais representam apenas 13% da receita do município.

A cidade também recebe uma verba da Sanepar, resultado de um acordo extrajudicial em vigor desde 2012. A companhia de abastecimento paga R$ 0,01 ao mês por metro cúbico de água bruta retirada de seus mananciais. “Não tenho estudos, mas acredito que deveria ser pelo menos dez vezes mais”, queixa-se o prefeito de Piraquara, Marcus Tesseroli (PDT). Entre 2013 e 2014, a Sanepar informou ter pagado cerca de R$ 2 milhões ao município.

Carências

Segundo a prefeitura de Piraquara, a infraestrutura local não consegue fazer frente às necessidades da população, de pouco mais de 100 mil habitantes. A cidade carece, entre outras coisas, de asfaltamento e de um hospital geral. Uma unidade de pronto atendimento (UPA) foi improvisada enquanto o prédio que vai abrigar a UPA definitiva está em obras. Segundo o secretário de Planejamento do município, José Luís Pedroza, a cidade tem 36 escolas e creches, mas ainda há filas para conseguir vagas. “Mantemos os serviços a duras penas”, diz.

Além dos mananciais, Piraquara comporta também o maior complexo penal do estado, com nove mil presos, e o Hospital Dermatológico do Paraná, referência no atendimento à hanseníase. Apesar disso, boa parte da população tem a cidade apenas como dormitório, por causa do baixo índice de empregos gerados no próprio município.

Sobre o dinheiro pago pela Sanepar, a companhia informou que não recebeu nenhum pedido da prefeitura da cidade para rever o valor.

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