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Marcos e Cícero: cinco anos após o reencontro, transplante salva vida do caçula | Priscila Forone/Gazeta do Povo
Marcos e Cícero: cinco anos após o reencontro, transplante salva vida do caçula| Foto: Priscila Forone/Gazeta do Povo

Doação de órgãos ameniza tragédia

Há exatamente um ano, o comerciante Wellington Ribeiro Bueno, de 27 anos, foi diagnosticado com morte cerebral. Ele havia sofrido um acidente de carro em Ponta Grossa e estava há dois dias em coma, internado em uma unidade de terapia intensiva.

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Quem pode ser doador de órgãos

Qualquer pessoa que não seja portadora de nenhuma doença transmissível ao paciente receptor pode doar órgãos. Também são considerados fatores como a idade, antecedentes médicos e causa da morte.

Conversar e fazer com que todos da família entendam o processo de doação é importante. "A pessoa pode registrar em cartório que quer ser doadora, mas quem decide é a família, que na hora pode recusar", conta a coordenadora de psicologia do Hospital São Vicente, Claudia Nasser Fonseca.

Mostrar as reportagens de jornais e as campanhas de conscientização sobre as doações de órgãos é uma estratégia apontada por Claudia. "Culturalmente, falar sobre a morte é um assunto evitado nas famílias, mas é preciso tentar conversar, não sobre a morte, mas sobre a possibilidade de ajudar quem precisa", afirma. (AC)

O porteiro Marcos Rogério Ferreira Gomes, de 33 anos, só foi descobrir que tinha seis irmãos cinco anos atrás, quando um deles, Cícero Aparecido Gonçalves, 36, o procurou. O que era para ser apenas um reencontro emocionante entre irmãos acabou se tornando um fato fundamental para salvar a vida de Marcos, que passou a precisar de um novo rim desde o início do ano. Em agosto de 2007, ele começou a ter fortes dores de cabeça e pressão alta. Meses depois, o diagnóstico de insuficiência renal o obrigou a passar por hemodiálise. O procedimento, que filtra o sangue, durava quatro horas por dia e era repetido três vezes por semana.

Assim que começou a hemodiálise, Marcos iniciou a busca por um doador. Ao saber disso, Cícero se prontificou e, após terem sido feitos todos os exames necessários, foi tido como doador compatível. O órgão foi transplantado na semana passada no Hospital São Vicente, em Curitiba. Ontem o porteiro recebeu alta e passa bem.

Marcos conta que nunca pensou que um dia teria que enfrentar uma situação como essa e que não imaginava que, além da alegria, o reencontro familiar acabaria por lhe trazer também uma nova chance. "Quando o Cícero me ligou dizendo que era meu irmão, eu não acreditei, achei que era enganação. No fim, ele salvou minha vida", conta Marcos.

A separação

Aos 9 meses de idade Marcos foi entregue por sua mãe a outra família, com a qual permaneceu até os 10 anos. "Quando fiz 10 anos minha irmã de criação, que cuidava de mim, ficou doente e me entregou para uma segunda família e com eles fiquei até os 21 anos", lembra. Foi a partir daí que se mudou para diversas cidades do interior paranaense. Vivia em Xambrê (Noroeste) quando Cícero, com a ajuda de uma tia, o encontrou. "Nossa mãe também me entregou a uma família quando eu tinha quatro anos, e até os seis ainda tive contato com ela. Quando fiz 18 anos resolvi procurar minha mãe e descobrir como era a minha família", conta Cícero. Ele diz que somente em 2003 ficou sabendo da existência de Marcos e foi à sua procura. "Ele não acreditou no início, levou um susto, mas agora somos bastante próximos e moramos perto um do outro, em Colombo", conta.

Transplante de rim

Segundo o chefe de equipe de transplante renal do hospital, Fernando Meyer, tanto o doador como o receptor em um transplante renal podem ter uma vida normal após a cirurgia. Ele conta que, apesar de uma pessoa poder ser sujeita à hemodiálise por tempo indeterminado, trata-se de um processo desgastante física e psicologicamente. "O transplante é a solução em muitos casos, mas a fila por pessoas à espera de um rim é grande e tem aumentado, porque vêm crescendo os casos de hipertensão, diabetes e doenças renais policísticas", explica.

De acordo com Meyer, é preciso que a população seja esclarecida quanto à necessidade de doações tanto de pessoas vivas, quanto de doadores que morreram. Também precisam ser elucidadas as dúvidas em relação ao diagnóstico de morte encefálica, nos casos de doador de órgãos falecido. "Há muita informação errada, que confunde a população. É preciso um grande esforço do governo, um programa que esclareça as dúvidas tanto em relação ao diagnóstico de morte encefálica, que é quando o cérebro pára de funcionar, quanto ao processo de doações de órgãos", afirma.

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