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Direitos humanos

Relatório acusa poderes gaúchos de discriminar movimentos sociais

Comissão que foi instituída em 2008 investigou uma série de episódios polêmicos ocorridos nos últimos três anos

Uma comissão especial constituída pelo Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), ligado à Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, afirmou que existem indícios de criminalização dos movimentos sociais do campo e da cidade por parte do poderes locais do Rio Grande do Sul, em relatório apresentado nesta quinta-feira (26) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

"Pode-se, apesar de algumas declarações, concluir que esse processo de intimidação e criminalização esteja elevado ao nível de uma política de Estado dos três Poderes, por não se tratarem de ações isoladas e esporádicas e por haver repressão com violência contra protestos tanto do movimento sindical e estudantil, como dos movimentos sociais", ressalta o documento.

Instituída em agosto de 2008, a comissão investigou uma série de episódios polêmicos ocorridos nos últimos três anos no Rio Grande do Sul, entre os quais conflitos da Brigada Militar com sem-terra que deixaram mais de 50 feridos em Rosário do Sul, no ano passado, e um morto em São Gabriel, neste ano, e iniciativas do Ministério Público Estadual (MPE), acolhidas pela Justiça, que impedem o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) de se aproximar de algumas fazendas e de marchar em algumas regiões do Estado. Também foi objeto de análise o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MPE e a Secretaria da Educação, que extinguiu as escolas itinerantes que acompanhavam os deslocamentos dos sem-terra, no início deste ano

Ao final do texto, a comissão emite 28 recomendações ao Poder Público gaúcho, entre as quais a criação do Conselho Estadual dos Direitos Humanos e de uma Comissão Estadual de Mediação de Conflitos Agrários; a revogação da nota de instrução operacional da Polícia Militar gaúcha que prevê o cadastramento de lideranças dentro de acampamentos ou assentamentos; a apuração, pelo Tribunal de Contas, dos gastos da Polícia Militar no monitoramento dos movimentos sociais; e a revogação do TAC que prevê o fechamento das escolas itinerantes dentro dos acampamentos da reforma agrária. Propõe, ainda, que tanto os representantes do Ministério Público Federal quanto do Estadual não se associem a atividades de intimidação aos movimentos sociais.

O governo do Rio Grande do Sul, o Ministério Público Estadual e o Ministério Público Federal não comentaram as conclusões e as recomendações da comissão durante a quinta-feira.

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