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crime organizado

Relatório aponta crescimento do PCC no Paraná

Entre janeiro e setembro do ano passado, 27 integrantes da facção foram "batizados" no Paraná. Grupo está em expansão em outras 21 unidades da federação

Nascido nos presídios de São Paulo e considerado a maior organização criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC) está em expansão em diversos estados, entre eles, o Paraná. Um relatório reservado da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) do Ministério da Justiça aponta que 27 novos integrantes do grupo foram "batizados" no estado, entre janeiro e setembro de 2011.

Apesar do documento, o governo do estado nega que bandidos do grupo criminoso estejam enraizados no estado. Em nota, a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) disse que "o estado do Paraná não reconhece a referida facção criminosa como grupo estruturado, a exemplo das notícias que temos conhecimento em outras unidades da federação".

O documento aponta que, além do Paraná, a facção tem representantes em outras 21 unidades da federação, além dos países vizinhos Paraguai e Bolívia. O grupo movimenta R$ 72 milhões por ano com o tráfico de drogas e com mensalidades pagas por 13 mil integrantes.

Seis mil integrantes do PCC estariam em presídios e dois mil, nas ruas de São Paulo, segundo o relatório. Os outros cinco mil estariam distribuídos pelos outros estados, inclusive no Paraná. De acordo com o relatório, a expansão para outros estados estava prevista desde os primeiros estatutos da organização, mas ganhou força nos últimos dois anos.

Desde julho do ano passado promotores trocam informações sob o comando do Grupo Nacional de Combate a Organizações Criminosas (GNCOC). Entre janeiro e setembro de 2011, Minas Gerais teve o "batismo" de 90 integrantes da facção e a Bahia teve 56. Além do Paraná, a expansão também é preocupante no Mato Grosso do Sul (com 45 batismos no período), Espírito Santo (30) e Pernambuco (21).

Crise em São Paulo

Principal responsável pela atual crise de segurança em São Paulo, a mensagem espalhada entre os integrantes da facção cobrando a morte de dois policiais para cada integrante assassinado nas ruas foi captada em 8 de agosto, mas o governador Geraldo Alckmin (PSDB) só admitiu a existência da guerra entre o grupo e a polícia 83 dias depois, em 30 de outubro. Atualmente, 135 das 152 unidades prisionais de SP são controladas pela organização. Em reunião dia 6 de novembro, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, revelou a Alckmin preocupação com a expansão pelo país

'Vida se paga com vida, sangue se paga com sangue'

Desde o início deste ano, 96 policiais militares foram mortos em São Paulo (em todo ano passado foram 47). O "salve" de agosto, espécie de comunicado interno da facção criminosa, determina que os PMs a serem assassinados devem ser da mesma corporação responsável pela morte de integrantes da organização. Pelo menos duas execuções por parte da elite da PM paulista, a Rota, teriam motivado os ataques, de acordo com o texto

A reação dos policiais aos ataques, com mais mortes, foi um dos motivos que levaram à queda do secretário de Segurança Antonio Ferreira Pinto, que perdeu o controle da tropa, segundo avaliação do governo paulista. Desde janeiro, 4.107 pessoas morreram no estado de São Paulo, contra 3.610 no mesmo período do ano passado - um aumento de 14%. Em outubro, foram 176 mortes na capital, contra 82 no mesmo mês de 2011.

A atuação dos integrantes da facção pelo Brasil é supervisionada por membros chamados de "sintonia dos estados", que respondem diretamente ao comando. Eles dividem entre si as áreas de influência, cada um com seu caixa próprio, alimentado por mensalidades, lucros de rifas e doações. A maior dificuldade nos outros estados é manter os integrantes fiéis à facção quando deixam as unidades prisionais. Diferentemente de São Paulo, onde a presença marcante de integrantes nas ruas facilita o controle sobre infiéis.

Cada integrante fora da cadeia era obrigado a pagar R$ 600 mensais à organização. Desde meados deste ano, com o fortalecimento do combate ao grupo, o preço subiu para R$ 850. Em troca da mensalidade, o integrante obtém benefícios no caso de ser preso (advogado e ajuda financeira para a família), além do direito de se identificar como integrante da facção.

Se os primeiros estatutos da facção davam mais ênfase à "luta pela liberdade, justiça, paz e igualdade", a última versão trata do fortalecimento do crime e da cobrança pela morte de policiais a cada execução de integrantes. "Vida se paga com vida, sangue se paga com sangue", diz o texto.

A expansão da organização fora de São Paulo se deu a partir da prisão de criminosos paulistas ligados à facção em outros estados. O grupo mantém um livro de controle único para novos adeptos, alimentado com dados transmitidos dos estados e com numeração por ordem de chegada. Foi dessa forma que se constatou serem mais de 5 mil. Em São Paulo, o controle é feito pelo número de matrícula dos detentos no sistema prisional.

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