O chá começou a ser usado por volta de 1930, no Acre, por Raimundo Irineu Serra, o mestre Irineu. Depois de 10 anos ele batizou o ayahuasca de Santo Daime. A primeira organização daimista foi formada neste período, mas somente na década de 70 ela se espalhou pelo mundo. A religião é associada a diversos elementos: o cristianismo (católico popular), as religiões afro, o esoterismo, o xamanismo indígena e os kardecistas.
Existem três religiões que são consideradas mais tradicionais além do Santo Daime, há a União do Vegetal e a Barquinha. "Novas correntes de religiões urbanas foram criadas a partir da chegada dessas três nas grandes cidades. Elas dialogam com matrizes orientalistas, terapias humanistas, meditação, expressões artísticas. Quando chegam aos centros urbanos fazem novas combinações, gerando novas vertentes. Todas são entendidas como parte da tradição ayahuasqueira, algumas mais antigas, outras não", afirma a antropóloga Beatriz Labate.
O antropólogo da Universidade Federal da Bahia Edward Macrae lembra ainda que o Santo Daime serviu, no início, como instrumento de integração de uma população desorientada. Na época do colapso da economia da borracha, os seringueiros saíram da floresta e foram para as comunidades, na periferia. Por meio do chá e do ritual é que eles conseguiram se unir e se adaptar à vida urbana.
A palavra ayahuasca era usada pelos antigos incas e significa cipó das almas. O chá é associado à religião porque ele ajudaria a expandir a consciência. Segundo os fiéis, ele age de diferentes formas de acordo com cada pessoa e auxilia na busca pelo entendimento do eu interior, do autoconhecimento. (PM)



