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Os 592 pacientes paranaenses que passaram por transplante de fígado e precisam de medicamentos contra a rejeição vão voltar a receber o Lifaltracolimus nas farmácias especiais da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). Na última sexta-feira, uma liminar da Justiça liberou o uso do remédio. Com base na decisão judicial, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução 904, de 2007, autorizou às secretarias de Saúde a distribuir o Lifaltracrolimus aos pacientes.

No dia 1º. de março, a própria Anvisa havia proibido a fabricação, distribuição, comercialização e uso do medicamento em todo o território nacional. A Secretaria de Saúde vinha utilizando o Lifaltracolimus desde o começo do ano, no lugar de outro medicamento com características semelhantes, o Prograf.

À época, a decisão da Anvisa complicou o esquema de distribuição da Sesa. Em Curitiba, pacientes reclamaram da falta do medicamento. No interior do estado, algumas regionais de saúde ainda sequer haviam recebido o Prograf. Para contornar a situação, a Sesa precisou fazer empréstimos do medicamento junto à Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro enquanto regularizava a compra do Prograf em caráter de emergência. Agora, com a nova liminar da justiça, o Lifaltracolimus, que estava estocado nas prateleiras da Central de Medicamentos do Paraná (Cemepar), volta a ser distribuído.

Crítica

A troca, no entanto, é criticada por médicos e pacientes. O médico especialista em transplantes da Santa Casa de Curitiba e do Hospital Pequeno Príncipe e professor de cirurgia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Júlio Wiederkehr, afirma que não há literatura médica suficiente que certifique os efeitos do Lifaltacrolimus. "O Prograf era um medicamento de referência entre a comunidade médica. O Lifaltracolimus ainda não é."

Uma paciente que recebe o medicamento em uma das farmácias especiais de Curitiba e prefere não se identificar diz que os transplantados estão receosos. "Temos um paciente que apresentou aumento da carga viral da hepatite. Não dá para ter certeza se foi por causa do uso do Lifaltracolimus, mas ficamos com medo."

A paciente, que está grávida e não quer começar a tomar o medicamento agora, afirma não ter condições de pagar o Prograf do próprio bolso. "Uma cartela com 100 cápsulas custa R$ 800 e, para mim, duraria pouco mais de dez dias. Não tenho esse dinheiro."

A Sesa informou que os casos serão analisados individualmente e que caso o medicamento não traga o efeito esperado sobre algum paciente outras medidas poderão ser tomadas. De acordo com Wiederkehr, o paciente que ficar sem a medicação pode até perder o transplante.

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