• Carregando...
Edward James Olmos, Ridley Scott, Daryl Hannah e Rutger Hauer, na exibição de "Blade Runner: a versão final", em Veneza | AFP/Gazeta do Povo
Edward James Olmos, Ridley Scott, Daryl Hannah e Rutger Hauer, na exibição de "Blade Runner: a versão final", em Veneza| Foto: AFP/Gazeta do Povo

Requião X MP

A determinação de abertura de auditoria faz parte da briga travada entre o governador e o MP-PR iniciada após o órgão ingressar com uma ação civil exigindo que Requião, Orlando Pessuti (vice), deputados estaduais e secretários exonerassem parentes empregados no poder público.

Nota do MP

Na semana passada, após Requião determinar a auditoria, o MP-PR emitiu nota, mas não se defendeu das acusações, somente informou como foi feita a mudança nas aposentadorias. Veja a nota na íntegra:

"Em 1998, pela Lei Estadual nº 12.398 (artigo 2º), de 30 de dezembro, o antigo Instituto de Previdência e Assistência aos Servidores do Estado do Paraná (IPE) foi transformado na Paranaprevidência. Assim como os servidores do Executivo, Judiciário e Legislativo, os membros e servidores do Ministério Público do Paraná que contribuíam para o IPE passaram a fazer suas contribuições previdenciárias para a Paranaprevidência. Ou seja, quem se aposentou a partir de dezembro de 1998 passou a receber os benefícios da Paranaprevidência, após a devida contribuição. Quem havia se aposentado antes, recebia do IPE e, depois, da Paranaprevidência, também depois de contribuir para o IPE. Quanto à contagem de tempo para aposentadoria de membros do MP, em alguns poucos casos, foi incluído o tempo de estágio na contagem, devido a decisões judiciais proferidas pelo Tribunal de Justiça do Paraná, em ações ingressadas por alguns aposentados, enquanto ainda na ativa. Esses casos, inclusive, foram julgados regulares e conseqüentemente registrados pelo Tribunal de Contas do Paraná."

O governador Roberto Requião assinou decreto anulando o convênio que permitia a aposentadoria de promotores e procuradores do Ministério Público do Paraná (MP-PR), pela ParanáPrevidência. Durante a Escola de Governo desta terça-feira (4/9), Requião expôs dados da auditoria que está sendo realizada pela ParanáPrevidência sobre as aposentadorias pagas a ex-promotores e procuradores do MP-PR. A auditoria foi solicitada pelo próprio governador na reunião da semana passada.

O governador também afirmou que, daqui para a frente, todo processo de aposentadoria terá que ser aprovado por ele antes de ser pago pela ParanáPrevidência. E também afirmou que vai rever a lei, que ele mesmo estabeleceu, de isentar os aposentados do estado do recolhimento da ParanáPrevidência. Se isto acontecer, os aposentados do setor público do estado, que recebem acima de R$ 5 mil terão que fazer o recolhimento de 11%. Essa taxa seria feita sobre o valor que exceder R$ 5 mil. No entanto, segundo a assessoria de imprensa da ParanáPrevidência, ainda não está definido como isso será feito. Não há nada de concreto de quando a medida começará a ser seguida, pois vai depender de estudos.

Nesta reunião semanal com os secretários, Requião criticou os valores a que teve acesso e assinou um decreto anulando as cláusulas 5ª e 6ª do convênio do Ministério Público do estado com a ParanáPrevidência, firmado em 2002. O convênio dá ao MP a prerrogativa de montar e analisar os processos de aposentadoria de seus integrantes e enviá-los à ParanáPrevidência, que faz os pagamentos.

Segundo Requião, em janeiro de 2002 um procurador ganhava R$ 10.815,77, e em janeiro de 2006, o pagamento ao mesmo aposentado teria passado para R$ 22.111,00 – o governador afirmou que não teve acesso aos números de janeiro de 2007. Requião citou casos, preservando nomes, de aposentadorias baseadas em inscrições que variam de um a 35 anos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), inclusive computando tempo de estágio, sem contribuição. "Como é que alguém que nunca contribuiu pode se aposentar com R$ 22 mil?", indagou.

O governador comparou os números das aposentadorias do MP ao que é pago a um general do Exército (R$ 8.500,00) e ao reitor da Universidade Federal do Paraná (R$ 6.000,00). "Continuo insistindo e quero saber as razões desse aumento. Este espaço é democrático e estou abrindo para que na semana que vem o MP compareça para explicar porque eles são mais importantes que um general e um reitor da Universidade Federal, porque isso aconteceu e que medidas tomar para que isso não ocorra mais."

Inicialmente, foram examinados 25 casos. Outros 130 estão pendentes. Após a explanação, Requião determinou que a Procuradoria Geral do Estado entre em juízo. "O Ministério Público vai abrir sua contabilidade. Se as irregularidades se comprovarem, vamos entrar com uma ação". O governador chegou a cogitar a abertura de uma "CPI do MP" no Paraná para investigar as aposentadorias. "Estou propondo um ajuste de conduta, reintegração de quem se aposentou indevidamente, devolução de recursos e o fim desta barbaridade", argumentou.

O outro lado

O Ministério Público admite que houve promotores que se aposentaram levando em consideração como tempo de serviço o período em que atuaram como advogados e estagiários. Mas diz que isso ocorreu em uma época em que era permitida essa prática por lei, antes de 1998. "Essa polêmica tem surgido sem razão, sem embasamento legal e jurídico. Antigamente, a própria lei não exigia o recolhimento previdenciário", afirma o presidente da Associação Paranaense do Ministério Público, Valdecir Guidini, em entrevista ao ParanáTV.

Para Guidini, a polêmica não passa de uma retaliação do governo do estado contra o MP, em resposta às ações sobre nepotismo envolvendo o nome do governador, vice, secretários e deputados estaduais. "Aliás, esta medida foi muito bem tomada porque agora também o Ministério Público vai fiscalizar os outros poderes e vamos ver. Uma coisa é certa, que dentro do Ministério Público não há irregularidades. E se houver, nós mesmos como instituição vamos procurar corrigí-las".

A reportagem da Gazeta do Povo Online entrou em contato com o Ministério Público do Paraná, por meio de sua assessoria de imprensa, e aguarda retorno. Nesta manhã de terça-feira será realizada cerimônia de posse de Conselho no MP, por isso é possível que um pronunciamento do órgão aconteça somente à tarde.

Aguarde mais informações

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]