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O governador Roberto Requião (PMDB) disse na manhã desta segunda-feira (25), que no máximo em 10 dias deve ser concluído o inquérito que investiga as causas da rebelião que ocorreu na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, região metropolitana de Curitiba, nos dias 14 e 15 de janeiro. A informação é da Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial de comunicação do governo do estado. O motim deixou seis detentos mortos.

A investigação sobre as circunstâncias que levaram ao incidente é feita pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná joga a responsabilidade para o governo do estado, que determinou a retirada de policiais militares que trabalhavam na PCE, facilitando o motim. Sem a presença dos policiais, os agentes ficaram sobrecarregados, segundo o presidente da entidade, Clayton Auweter.

No dia da rebelião, de acordo com o sindicato, eram 30 agentes trabalhando, e apenas 14 lidando diretamente com os 1.578 presos da unidade. Cada agente, portanto, estaria responsável por 112 detentos. "É óbvio que faltam agentes, por isso a Polícia Militar ali servia para manter um equilíbrio. Quando ela saiu, veio a revolta", disse Auweter na semana passada.

Requião discorda dos números. Nesta segunda-feira ele disse à Agência Estadual de Notícias (AEN), órgão oficial do governo do estado, que a imprensa poderia colocar em risco a segurança da população ao publicar os números divulgados pelo sindicato. "É um número de difícil assimilação por parte de qualquer pessoa séria. Eles (imprensa) querem bater no governo e colocam em risco a segurança da população com esses boatos em Curitiba e no Paraná. Esse pessoal tem que aprender a respeitar o povo do Paraná", declarou.

Conforme dados divulgados pela AEN, 3.359 agentes penitenciários lidam com 14 mil presos nas penitenciárias estaduais, o que significa um índice de 4,1 presos por agente. "A proporção de presos para agentes do Paraná é muito melhor que o recomendado. Dificilmente se encontrará no Brasil proporção tão boa", disse o governador. A AEN informa ainda que as informações divulgadas pelo Sindicado dos Agentes Penitenciários tinham por objetivo pressionar o governo do estado para que "atendesse as reivindicações", as quais não foram explicadas no texto. A agência não informa a divisão por turnos do total de agentes informados.

Na semana passada, o governador já havia contestado a matéria da Gazeta do Povo que apontou que 14 agentes penitenciários cuidavam diretamente de 1.578 detentos no dia da rebelião. Em sua conta no site de microblog Twitter, Requião disse que "Piraquara tem 240 agentes em turnos".

A reportagem procurou novamente o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, Clayton Auwerter, que reiterou que apenas 14 funcionários cuidavam das celas no momento do motim. "Pode ter 30 na escala, mas tiram agentes para o portão de acesso, a inspetoria, o portão externo", disse. "Tiram agentes do fundo da cadeia para atender outros setores. Isso fragiliza a segurança. Pode até haver 240 no papel, mas na prática não tem."

Transferência de presos ainda não tem data

A Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Seju) informou nesta segunda-feira (25) que ainda não há uma data para a transferência de presos da PCE para a Penitenciária Provisória de Curitiba (PPC), o antigo Presídio do Ahú. A medida foi anunciada pelo governo do estado na semana passada, depois que a rebelião destruiu grande parte da PCE. Segundo a Seju, a transferência deve ser realizada nesta semana, mas, por enquanto, nenhuma outra informação a respeito do processo será divulgada.

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