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Tragédia no Rio

Revolta marca enterro de corpos de vítimas da explosão

Para pai do bancário Matheus Maia de Andrade, uma das vítimas, prefeitura do Rio "não fiscaliza nada e só quer saber de dinheiro"

Amparados por amigos e familiares, os pais do bancário Matheus Maia Macedo de Andrade, 19 anos, pareciam não acreditar em sua morte quando o corpo do rapaz era enterrado, no início da tarde desta sexta-feira (14), no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, na zona oeste do Rio de Janeiro. Matheus foi uma das vítimas da explosão que destruiu o restaurante Filé Carioca, na manhã de ontem, no centro do Rio. O estabelecimento foi pelo ares no momento em que o jovem passava pelo local.

"Você é forte. Sai daí, meu filho. Isso é só madeira", dizia, desesperado, o pai de Matheus, o segurança desempregado Carlos Henrique Macedo de Andrade, enquanto o caixão que levava o corpo de seu filho era transportado em direção à sepultura. A mãe, Selma Maria Andrade, seguia o cortejo alguns metros atrás e só conseguia caminhar com a ajuda dos parentes.

"Ele é vítima da incompetência do nosso governo, que não fiscaliza nada e só quer saber de ganhar dinheiro, levar uma graninha", protestou Carlos Henrique, novamente, após o sepultamento. "O Rio antigo está caindo aos pedaços e os governantes só querem saber de Copa do Mundo".

Matheus fazia faculdade de administração e trabalhava há dois meses em uma agência bancária localizada próxima ao restaurante. Segundo parentes, estava orgulhoso com o novo emprego. Pretendia assumir sozinho o pagamento da faculdade e queria que o dinheiro usado pelos parentes na sua formação passasse a ser destinado aos estudos da irmã mais nova.

Viviane Stutz e Darci Oliveira, prima e tia-avó de Matheus, também reclamaram da falta de fiscalização do poder público. "É uma tragédia anunciada como tantas outras que acontecem no Rio", disse Viviane. "Os governantes têm que abrir os olhos. Não pode um menino sair para trabalhar e morrer porque o poder público não fiscaliza esses comércios", queixou-se Darci.

O enterro do chefe de cozinha Severino Tavares, 47 anos, no Cemitério do Murundu, em Realengo, foi marcado pela revolta. Anderson Santiago Tavares, filho de Severino, cobrou justiça. "Meu pai tomava banho perto dos botijões. O lugar não era adequado", queixou-se, criticando as condições do restaurante. O sushiman Josimar dos Santos Barros, 22 anos, terceira vítima da explosão, foi enterrado no Cemitério de Jacarepaguá.

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