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Preocupação maior é com produtos perfurocortantes

Entre o lixo produzido em hospitais e clínicas, os dejetos perfurocortantes, como agulhas, lâminas e vidros, que podem transmitir as hepatites A e B e o vírus da aids, são considerados os mais perigosos. "Esse material, em um lixão sem segregação, oferece riscos de manuseio", afirma o médico Fábio de Araújo Motta, do Núcleo de Epidemiologia e Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário Cajuru.

Outros materiais, como algodões a gazes, também podem oferecer risco, mas em menor escala. "Ainda não se consegue medir o risco de um algodão com hepatite B. Acidentes com perfurocortantes são infinitamente mais arriscados", diz o médico. Na lista dos dejetos produzidos por hospitais também estão ataduras, restos de refeições de pacientes com doenças contagiosas, órgãos humanos, bolsas de sangue e medicamentos vencidos. Motta também faz uma boa avaliação dos resultados da resolução da Anvisa. "Trouxe vantagens para o sistema de saúde em geral. A população está menos exposta a esses resíduos do que antes."

Se os hospitais reconhecem que a segurança aumentou e que os custos não são tão altos quanto se imaginava, para profissionais autônomos o que mais cresceu foram os gastos, já que eles também são obrigados a contratar empresas especializadas. Segundo Mário Pansini, presidente do Sindicato dos Odontólogos no Paraná, atualmente o custo médio mensal é de R$ 82 por profissional em Curitiba. O valor é fixo e independe da quantidade de material produzido. "Há uma resistência e um movimento contrário, porque já pagamos ISS (Imposto Sobre Serviços, que é municipal) e pelo alvará", comenta Pansini. (JML)

O sistema de gerenciamento do lixo hospitalar, implantado há dois anos, não trouxe apenas custos extras para os cerca de 1,5 mil estabelecimentos de saúde de Curitiba e região metropolitana. Segundo responsáveis por hospitais e clínicas, o modelo veio acompanhado de vantagens, entre as quais a redução do risco de contaminação e uma melhor separação dos dejetos.

Desde abril de 2005, quando o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) determinou o fechamento da vala séptica que até então recebia o lixo hospitalar, a responsabilidade pelo armazenamento e destinação dos dejetos passou a ser dos estabelecimentos de saúde. A mudança foi determinada por uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Segundo o IAP, a vala estava com sua capacidade esgotada – quando foi fechada, recebia cerca de 14 toneladas de lixo hospitalar por dia, originados em 1.452 pontos de Curitiba e região. Na época, as medidas causaram protestos por parte de hospitais, que alegavam não ter como assumir o custo do serviço. Hoje, segundo os próprios hospitais, os custos estão diminuindo, devido a uma separação mais criteriosa entre o lixo hospitalar e os demais materiais, como restos de comida e materiais de escritório. "No início destinávamos 42 mil quilos de lixo hospitalar por mês, hoje conseguimos reduzir para 22 mil. Até o final do ano, a meta é baixar para 20 mil", afirma Edna Santos Bahry, supervisora do Serviço de Higiene e Resíduo Hospitalar do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O HC paga R$ 1,49 por quilograma de material recolhido. "Pagávamos R$ 60 mil por mês, hoje é quase a metade", diz Edna.

Na avaliação do diretor da associação mantenedora do Hospital Pequeno Príncipe, José Álvaro Carneiro, em termos de riscos à saúde pública a situação melhorou. "Na época, participei das discussões e achava que o custo seria maior", afirma. "Mas a separação bem feita diminui os riscos de infecção e traz vantagens econômicas", afirma. Carneiro faz apenas uma ressalva: para ele, hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS) deviam ter um tratamento diferenciado em relação ao lixo gerado dentro da instituição. "Não deveríamos ter o mesmo tipo de gasto. No nosso caso, temos um prejuízo de R$ 1 milhão por mês por atendermos pelo SUS." O Pequeno Príncipe produz cerca de 250 quilos por dia de lixo hospitalar.

Referência no tratamento de câncer, o Hospital Erasto Gaertner quer ser também referência na separação do lixo. A instituição promove treinamentos intensivos para seus 850 funcionários. O resultado foi a diminuição na quantidade de material, de 7 toneladas para 2,5 toneladas por mês. Segundo a assessoria do Erasto Gaertner, por leito ocupado são gerados em média 350 gramas de resíduo infectante por mês.

Atualmente três empresas são credenciadas pela prefeitura de Curitiba para recolher o material e dar o tratamento adequado. Cada hospital ou clínica deve apresentar e cumprir um Plano de Gerenciamento de Resíduos. A fiscalização cabe às secretarias municipais da Saúde (em relação ao tratamento dado ao lixo dentro das instituições) e do Meio Ambiente (em relação ao acondicionamento e à separação dos materiais). De acordo com o superintendente de Controle Ambiental da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Mário Sérgio Rasera, no prazo de um ano, somente cinco multas foram aplicadas (só na primeira semana de vigência da nova regra, em 2005 foram 12 autuações). As multas variam de R$ 5 mil a R$ 50 mil.

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