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A Região Metropolitana de Curitiba (RMC) ocupa o quarto lugar no ranking das condições de vida entre as 11 principais regiões metropolitanas do país, atrás de Brasília (DF), Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS). A informação consta no estudo "Condições de Vida nas Regiões Metropolitanas e suas Implicações Econômicas", divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O estudo teve como base a Pesquisa de Orçamentos Familiares 2002/2003 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que entrevistou 48.470 famílias sobre sua satisfação em relação a 12 aspectos, como a oferta de serviços públicos, condições de alimentação, moradia, renda e problemas com a violência.

Na avaliação da FGV, a RMC apresenta "ótimos índices de qualidade de vida", quase sempre acima da média das 11 regiões pesquisadas. No entanto, fica para trás no aspecto da percepção da violência e do vandalismo por parte da população. Neste quesito, Curitiba e região figuram em 7.º lugar, com índice 3,55% abaixo da média geral.

Os entrevistados das classes A, B e C – que incluem famílias com renda mensal superior a R$ 1.041 – avaliaram de forma positiva a questão da violência em Curitiba e cidades vizinhas. No entanto, a opinião das classes D e E – menos favorecidas economicamente – puxou para baixo o desempenho da RMC no quesito violência. Quase a metade das famílias destas classes avaliou este aspecto como "ruim".

Para Christian Luiz da Silva, coordenador do Núcleo de Pesquisa Acadêmica da FAE Business School, a percepção pior por parte da população de baixa renda é reflexo do deslocamento de pessoas para a região metropolitana, gerado pela retomada de investimentos na região a partir de 1995. "A oferta de empregos cresceu, atraindo muitos desempregados de outras cidades e estados. A maioria foi morar na periferia da capital ou nas cidades próximas, locais em que a presença do tráfico, por exemplo, é muito mais forte", diz Silva. "Um estudo que conduzimos mostrou que, à medida em que se sai do núcleo central de Curitiba, cai a renda média e aumenta a violência", completa.

O professor, no entanto, estranha a percepção dos entrevistados pertencentes à classe A. Em Curitiba e região, 65,59% deles avaliam como "boa" a questão da violência. "Esse índice parece muito alto, porque é a classe A quem geralmente sofre seqüestros-relâmpago, é ela quem manda blindar o carro." Outro ponto questionado por Silva é a percepção "positiva demais" da violência em regiões metropolitanas como a de São Paulo (3.ª melhor avaliada), seguida do Rio de Janeiro – o que também é contestado pelo presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Clodualdo Pinheiro Júnior.

O presidente acredita que, se a avaliação da FGV levasse em conta itens como congraçamento (relacões entre os moradores), proximidade e familiaridade das pessoas, a RMC ficaria melhor colocada. "Em Brasília, uma cidade feita para se andar de carro, esse congraçamento praticamente não existe", afirma Pinheiro Júnior.

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