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Sabesp suspende obras de tratamento e coleta de esgoto por 120 dias

A medida foi criticada pela Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), que reúne as maiores construtoras do país

Após anunciar corte de investimento no setor por causa da crise hídrica, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) avisou agora empreiteiras e fornecedores que vai suspender as obras na rede de esgoto por 120 dias. Em nota, a estatal informou que “remaneja seu orçamento para dar prioridade às obras que garantam a segurança hídrica da região metropolitana”.

A medida foi criticada pela Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop), que reúne as maiores construtoras do país. A entidade encaminhou no dia 12 deste mês uma carta ao presidente da Sabesp, Jerson Kelman, afirmando que entende as dificuldades provocadas à companhia pela crise e pela retração econômica, mas alerta que a decisão trará “consequências danosas para todos os envolvidos”.

“Não tem lógica nenhuma. Perde a sociedade, porque não terá serviços necessários de coleta e tratamento de esgoto, o setor da construção, que será ainda mais afetado pela crise, e a própria Sabesp, que terá de arcar com os custos de paralisação e retomada das obras, além dos mananciais continuarem sendo poluídos”, disse Marco Botter, vice-presidente de Saneamento e Sustentabilidade da associação.

Questionada pela reportagem, a Sabesp não informou quais obras serão paralisadas. O deputado estadual Ramalho da Construção (PSDB), que preside o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo, teme que a medida desencadeie mais demissões no setor. “Estamos preocupados porque se suspende uma obra por 120 dias, o que você faz com o trabalhador? Além disso, temos uma carência muito grande de esgoto no Estado”, disse. Segundo a Sabesp, 15% do esgoto gerado ainda não é coletado e 23% não são tratados.

Além da suspensão temporária nos canteiros já implementados, a companhia também está adiando o início de outras importantes ações do projeto de despoluição do Rio Tietê, em curso há mais de 20 anos. É o caso das obras do Coletor-Tronco Anhangabaú, que atravessa o centro da capital até chegar ao Rio Tamanduateí, um dos afluentes do Tietê. O contrato de R$ 358 milhões foi assinado em agosto do ano passado, mas até agora a Sabesp não autorizou o consórcio vencedor a iniciar a obra. Segundo a estatal, ela “deverá ter início em 2015”.

Em março, após divulgar queda de R$ 1 bilhão no lucro em 2014, a companhia anunciou que reduziria em 55% o investimento em coleta e tratamento de esgoto. Segundo o diretor econômico-financeiro da estatal, Rui Affonso, o objetivo é “antecipar os investimentos em água concentrados nos próximos dois anos para aumentar a segurança hídrica da região metropolitana”.

Entre as obras mais importantes previstas com recursos da Sabesp estão a que levará água da Represa Billings para o Alto Tietê, cuja conclusão foi adiada de maio para setembro, e a transposição da Bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira, prevista para ser concluída em 2017 após ter sido anunciada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para este ano.

Em maio, após a agência reguladora do setor conceder um reajuste na tarifa de água e esgoto (15,2%) abaixo do índice pleiteado pela Sabesp (22,7%), a companhia anunciou que reduziria ainda mais os investimentos planejados. “Não é possível a Sabesp manter o nível de investimento projetado se há uma frustração de receita em relação à revisão tarifária e se as condições macroeconômicas todas pioraram”, disse Affonso.

Em nota, a Sabesp afirmou que “não abandonou obras” e que outras ações “estão sendo aceleradas”, como as intervenções para despoluição da Billings, que terão financiamento do Banco Mundial. Até 2019, a estatal diz que vai investir R$ 8 bilhões no segmento.

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