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Em quase 140 anos de Censos no Brasil, muita coisa mudou no principal levantamento sobre a população do país, a começar pelo próprio número de brasileiros, que passou de 10.112.061, em 1872, para 169.799.170, em 2000. Os questionários, inicialmente impressos e respondidos em papel, hoje são eletrônicos, aplicados por meio de um computador de mão e podem ainda ser respondidos pela internet.

Houve mudanças também no conteúdo das perguntas. Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai tratar, em 2010, de temas como etnias e línguas faladas em comunidades indígenas, arranjo familiar de cônjuges do mesmo sexo e existência de telefone celular, motocicleta e acesso à internet nos domicílios. Já itens considerados obsoletos, como a posse de videocassete, foram retirados do questionário. A divulgação dos dados populacionais do Censo 2010 está prevista para segunda-feira (29).

"Muita coisa mudou, tanto em conteúdo quanto na agilidade para o levantamento de dados. O perfil do questionário foi se transformando, refletindo a própria realidade do país. A principal característica do Censo, no entanto, se manteve, que é relatar o número e a distribuição da população brasileira", diz ao G1 o presidente do IBGE Eduardo Pereira Nunes.

O IBGE considera que o primeiro censo no Brasil ocorreu em 1872, quando os questionários eram aplicados por uma direção nacional de estatística, e não ainda pelo instituto. Neste ano, o levantamento contava com perguntas sobre sexo, idade, escolaridade, estado civil, religião e deficiências físicas. O questionário perguntava ainda se a pessoa era livre ou escrava.

No Censo de 1940, primeiro realizado pelo IBGE, voltam dados sobre cor, número de filhos nascidos vivos e mortos, grau de instrução, religião, origem do migrante e do emigrante e idiomas falados no país, que já haviam feito parte da pesquisa, mas deixaram o questionário. Os recenseadores vestiam terno e gravata e levavam pastas de couro com os questionários, que seriam respondidos a mão. O censo deste ano apurou 41.236.315 pessoas no país.

Segundo o IBGE, em 1950 não foram investigadas deficiências físicas. Os recenseadores ainda visitavam as casas vestindo ternos e gravatas e os questionários em papel também eram apresentados em pastas. O Brasil possuía 51.944.397 pessoas.

Em 1960, pela primeira vez o Censo investigava rendimento e desemprego. Também começaram a ser perguntados o tipo e a data do casamento, mas não se investigariam mais os idiomas falados no país. Os cartões perfurados, usados desde 1920, passam a ser processados por um computador. A partir deste cCnso, o terno é abolido. Os recenseadores passam a visitar as casas com suas roupas de uso cotidiano. A população brasileira era de 70.191.370 pessoas.

O quesito cor sai novamente do questionário, em 1970, mas passam a fazer parte do questionário a migração pendular (quando a pessoa estuda ou trabalha em outro município) e o tempo de residência no domicílio. Éramos 93.139.037 pessoas.

Objetivo comum

Os Censos têm por objetivo visitar todos os domicílios do país, mas em toda a operação há um índice entre 2% e 3% de domicílios cujos moradores não são recenseados. "Isso só ocorre por absoluta falta de possibilidade de encontrá-los. Ainda assim, em 2010, o Censo terá três fontes de informações: entrevista a pelo menos um morador do domicílio; respostas enviadas pela internet; e, em caso de domicílios fechados (com evidência de moradores, mas em que ninguém foi encontrado) faz-se uma estimativa", explica Nunes.

Neste ano, o IBGE realiza seu oitavo censo, o décimo segundo do país.

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