Tentativas
Superação vem com experiência
Ainda com a habilitação provisória, o publicitário Geybson Salomão de Souza, 21 anos, reprovou duas vezes antes de conseguir passar no teste prático de direção para veículo de passeio (categoria B) e uma vez para moto (categoria A). "Nas aulas eu ia muito bem. Mas, na hora do exame eu me sentia inseguro. Não tinha confiança no treinamento que recebi do instrutor e acabava perdendo a concentração. Com o tempo, percebi que eu tinha condições de passar, bastava confiar mais em mim, que tudo daria certo. Foi o que aconteceu."
A experiência também é comprovada no dia a dia dos centros de formação de condutores. O diretor de ensino Vicente Cardoso observa que o problema da ansiedade afeta tanto os alunos mais novos como os mais velhos, a maior parte mulheres. "Entre os que reprovam no teste de direção, a ansiedade é uma dificuldade comum para a maioria dos candidatos", aponta. Cardoso destaca que a falta de habilidade é detectada nas aulas e, nesses casos, o instrutor orienta para que sejam feitas mais aulas para que o aluno se sinta mais seguro.
Cardoso lembra que o índice de reprovação em Foz do Iguaçu diminuiu depois da mudança na legislação, em 2009, que ampliou o número de aulas teóricas de 30 para 45 e as práticas de 15 para 20. "Antes, a média de alunos que não conseguiam ser aprovados variava entre 50% e 55%. Hoje é próxima de 40%", compara o diretor.
O Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) contabilizou 297.222 reprovações entre os 727.099 exames práticos de direção agendados no estado em 2010. O resultado representa 39% do total, ou seja, dois em cada cinco candidatos a motorista não conseguem cumprir a etapa final da série de avaliações exigidas para se obter a habilitação. Em relação aos testes teóricos, a proporção é semelhante: 38% dos 457.462 candidatos não conseguiram aprovação. Para especialistas, o mau resultado pode estar vinculado ao nervosismo, à falta de controle da ansiedade e ao perfeccionismo.De acordo com a psicóloga especialista em trânsito Salete Coelho Martins, o nervosismo pode ser intensificado por vários os fatores, inclusive a insegurança provocada pela falta de habilidade na direção. "Nem todas as pessoas têm a mesma facilidade para dirigir e por isso precisam de mais prática, algo que pode ser identificado ainda durante as aulas", observa. Quando a barreira está na ansiedade excessiva, no perfeccionismo e na sensibilidade a críticas, Salete defende que tratamentos específicos podem ajudar o candidato a controlar a angústia e a reconhecer os sinais que desencadeiam as situações estressantes.
Dependência
Salete conduziu várias pesquisas com alunos que se preparavam para a primeira avaliação prática e outros que precisavam refazer o teste, alguns deles com excelente desempenho durante as aulas. Segundo a psicóloga, o fato que mais chamou atenção foi a mudança de comportamento dos candidatos no momento do teste, ao lado do avaliador. "Durante as aulas, as pessoas acabam criando uma dependência do instrutor. E, na hora da avaliação, sem esse apoio, muitas têm dificuldade de comprovar a capacidade de dirigir."
A psicóloga garante que isso pode ser resolvido durante as aulas. "Quando o instrutor perceber que o aluno já tem condições de desenvolver certas tarefas sozinho, o ideal é que o deixe resolver certos problemas sem interferir, como geralmente faz chamando a atenção para as sinalizações ou pedindo para reduzir a velocidade em certas situações."
Assim que for aprovado, outra dica da especialista é praticar. "Algumas pessoas têm medo de dirigir e outras têm receio de não conseguir a habilitação definitiva depois de um ano com a provisória. No primeiro caso, é preciso procurar ajuda especializada, no segundo, treinamento", orienta.
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