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 | Cristian Rizzi/Gazeta do Povo
| Foto: Cristian Rizzi/Gazeta do Povo

Campesinos paraguaios atearam fogo em pelo menos 185 hectares de soja no distrito de Itakyry, a 80 quilômetros de Foz do Iguaçu. O ataque ocorreu no início da noite de terça-feira, após a polícia paraguaia cumprir uma ordem de reintegração de posse na propriedade de um brasileiro. Ontem, montados em cavalos, agentes da polícia paraguaia protegiam a área para evitar novos conflitos. Esse é o terceiro foco de tensão entre brasileiros e paraguaios registrado no departamento de Alto Paraná, na fronteira com o Paraná, somente neste ano.

A lavoura atingida pertence a três proprietários – dois brasileiros e um paraguaio. Em 65 dos 185 hectares, a soja estava pronta para ser colhida. Em outros 120 hectares, a terra tinha sido semeada. O prejuízo total foi avaliado em cerca de US$ 100 mil.

O brasileiro Erico Carvalho Lemos, 61 anos, é dono de 30 hectares queimados. Na terça-feira, a polícia retirou cerca de 80 famílias que estavam desde janeiro em outra área de 180 hectares pertencente a ele. Irados, após serem obrigados a deixar o local, os sem-terra queimaram as plantações de soja.

Há 30 anos no Paraguai, Lemos diz que já passou por problemas com os sem-terra, mas agora a situação é bem mais tensa. Ele conseguiu na justiça autorização para a polícia proteger a propriedade. Só assim é possível ter tranquilidade. "Eles ameaçam queimar a casa, o barracão e maquinários", conta o brasileiro.

Os sem-terra que atearam fogo na soja vivem em um assentamento vizinho à propriedade dos brasileiros. Até o final do ano, a convivência era pacífica. Com o acirramento do conflito no campo, os campesinos começaram a invadir as propriedades. Para os brasileiros, isso ocorreu por motivos políticos. Eles dizem que pessoas infiltradas no assentamento incentivam as invasões e o conflito.

Jair Walker, gerente da propriedade atingida, diz que foi ameaçado de morte pelos sem-terra. Responsável pelo trabalho na lavoura, ele convive de perto com os campesinos. Já recebeu ameaças pelo telefone e registrou queixa na polícia. No entanto, o temor é constante. "É bom viver no Paraguai, mas quando começa esta pressão você sente vontade de voltar para o Brasil", diz.

Tensão

Os conflitos entre campesinos e brasileiros tornaram-se frequentes no Paraguai nos últimos meses. Outros dois pontos de tensão ficam em Ñacunday, onde sem-terra ocupam uma área próxima à propriedade do brasileiro naturalizado paraguaio Tranquilo Fávero. A situação também é grave em Mbaracayú, onde uma ordem judicial impede que 30 famílias de agricultores brasileiros iniciem o plantio.

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