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Famílias ocupam calçadas do bairro Fazendinha desde outubro. | Valterci Santos/Gazeta do Povo
Famílias ocupam calçadas do bairro Fazendinha desde outubro.| Foto: Valterci Santos/Gazeta do Povo

Nenhum integrante da comunidade dos sem-teto que ocupam as calçadas da Rua Theodoro Locker e João Dembinski, no bairro Fazendinha, em Curitiba, aceitou a proposta da administração municipal de sair do local e se hospedar no abrigo Casa São João Batista por 30 dias. Também não houve interessados em voltar para suas cidades de origem. Onze pessoas pediram passagens rodoviárias para Guarapuava e Telêmaco Borba. A prefeitura comprou os bilhetes, mas ninguém foi buscar.

O fornecimento de abrigo e passagem foi determinada pelo desembargador Fernando Vidal de Oliveira, do Tribunal de Justiça do Paraná, em 29 de dezembro, em decisão que autorizava o poder público a retirar as famílias da calçada. Elas faziam parte de um grupo de 1,5 mil famílias que, no fim de outubro, foram expulsas pela Polícia Militar de um terreno particular no bairro.

Apesar da decisão do mês passado permitir ao poder público a reintegração de posse da calçada, a PM ainda não agiu, e o acampamento permanece de pé. Mas o número de famílias parece ter caído pela metade em relação ao que havia em dezembro (entre 80 e 130). Segundo a manifestante Márcia de Oliveira Rosa, os próprios sem-teto mandaram embora as pessoas que estavam ali com o intuito de tirar algum proveito. "Está na calçada apenas quem precisa. É o maior sofrimento ficar aqui", afirma.

Os ocupantes persistem na argumentação de que a prefeitura deve proporcionar moradia fixa para eles. "Não queremos abrigo. Queremos casas de verdade", diz a manifestante Kátia de Oliveira. Para a prefeitura, os sem-teto devem seguir a política habitacional do município e entrar na fila da Cohab.

Reintegração

"A reintegração de posse será cumprida assim que a PM se estruturar", explica o juiz da 4ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba, Douglas Marcel Peres, a qual foi responsável por protocolar na PM o pedido de reintegração. De acordo com a Polícia Militar, a organização de operações desse porte é complicada em razão do grande número de oficiais necessário e do tempo de preparação, que pode ser de um mês.

Os sem-teto alegam que não têm para onde ir. "Se sairmos daqui, terá sido uma luta que não valeu a pena. Há pais e mães de família tentando oferecer condições de vida aos filhos", defende Lindamir de Fátima Lopes. Outras ocupações não são descartadas: "Existem várias outras calçadas em Curitiba onde podemos acampar e construir barracos", diz Kátia.

Aulas

Muitos pais reclamam que a inscrição dos filhos nas escolas não foi permitida pela falta de endereço fixo. "Sem isso, é impossível fazer a matrícula", diz Marcia de Oliveira Rosa. "Nós sabemos da importância da educação. E queremos que nossas crianças estudem, mesmo que estejam morando na calçada", completa.

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