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Todos os dias, mais pichações aparecem. O mau cheiro dentro da construção é insuportável | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Todos os dias, mais pichações aparecem. O mau cheiro dentro da construção é insuportável| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Ocupação

Após contato, governo estadual inicia limpeza na construção

Após contato da Gazeta do Povo com o governo, ontem, a Secretaria de Estado da Administração e Previdência (Seap) iniciou uma limpeza no local. O objetivo é deixar o imóvel livre de entulhos, arrumar portas e janelas, recolocar fiação de energia elétrica e deixar o espaço livre para a Polícia Militar e a Guarda Municipal ocuparem.

Segundo a assessoria de imprensa da Seap, após a limpeza, a ocupação do imóvel por parte da PM e da GM ocorrerá de imediato. O espaço será utilizado como uma espécie de módulo das duas corporações, o que evitará o uso da casa por usuários de drogas e moradores de rua.

Um projeto de lei tramita na Assembleia Legislativa para que o governo transfira oficialmente a posse do imóvel para a Academia Paranaense de Letras (APL). O projeto já passou pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia. A reforma do espaço, segundo a Seap, deve ser feita pela APL quando a instituição assumir a responsabilidade pela casa.

Sobre a conservação da Praça João Cândido, a prefeitura de Curitiba informou que faz serviços periódicos de manutenção e roçada no espaço e que melhorou a iluminação do local para aumentar a segurança.

Quase dois meses depois que o governo do estado anunciou a cessão do imóvel Belvedere para ser a sede da Academia Paranaense de Letras (APL), a casa, localizada na Praça João Cândido, no bairro São Francisco, em Curitiba, está abandonada. Tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná em 1966, o local é ocupado com frequência por moradores de rua e usuários de drogas. A praça, em geral, também é alvo de vandalismo, o que preocupa e afasta moradores da região.

A pintura azul e branca do imóvel a cada dia dá lugar a uma nova pichação. As vidraças das janelas pouco a pouco foram quebradas e estão espalhadas pelo chão da casa, que é referência na praça. As portas foram arrombadas e o interior do imóvel está tomado por um forte odor de urina e fezes.

Em algumas partes dos cômodos há vestígios de entulho queimado. Partes do piso de madeira foram arrancadas por vândalos. Alguns equipamentos de ar-condicionado, segundo frequentadores da praça, foram roubados.

Quem trabalha perto da praça ou frequenta a região reclama do abandono. Paulo Henrique de Lima, 20 anos, proprietário de um estacionamento em frente à praça, diz que a presença de vândalos no local é constante. "No fim de semana e quando tem a feira no Largo da Ordem aparecem muito mais ‘noiados’ na praça, usando drogas." O proprietário diz que, na praça, são comuns casos de assaltos.

Tiago Baltazar, 32 anos, pesquisador da UFPR, é morador da região e, em algumas oportunidades, passeia por ali. Ele diz que o abandono gerou, aos poucos, a tomada do local por vândalos e usuários de drogas. "Isso não é de hoje. Já ouvi falar que iriam reformar a praça, mas acho que a solução é mais fácil: deveriam ocupar o imóvel e colocar câmeras de vigilância para evitar vandalismo", diz.

A aposentada Iracema Corrêa, 50 anos, diz que a população local já tentou sugerir à prefeitura de Curitiba formas de melhorias na praça, mas nada foi feito. "Não é só a casa abandonada. A praça está sem limpeza", reclama a aposentada. No local, há bastante lixo e sinais de fogueira feita por alguns frequentadores.

O abandono do imóvel vem desde pelo menos junho deste ano. Antes disso, funcionou no local, por dois anos, o Centro Estadual de Defesa dos Direitos da População em Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (Centro Pop Rua), criado para dar apoio à população que vive nas ruas da capital.

A sede do centro, entretanto, foi transferida para o Alto da Glória.

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