
Os jornalistas Mauri König, Diego Ribeiro, Felippe Aníbal e Albari Rosa são finalistas do Prêmio Esso 2012 na categoria Regional Sul com a série "Polícia Fora da Lei", da Gazeta do Povo. As reportagens foram publicadas no mês de junho, com denúncias de irregularidades na utilização dos recursos públicos e equipamentos destinados ao trabalho da polícia paranaense.
Confira todas as reportagens da série Polícia Fora da Lei, da Gazeta do Povo
A série começou a tomar forma depois que informantes passaram materiais para os jornalistas. "Essa é a prova da relação de confiança que existe entre fonte e jornalista", ressalta o repórter Mauri König. Para os jornalistas, além da confiança no trabalho desenvolvido pela equipe, o vazamento das primeiras informações mostram que boa parte da polícia sabe dos problemas da corporação e tenta lutar contra essas falhas de alguma forma.
Depois de avaliarem os materiais, os repórteres iniciaram o trabalho de campo. Durante cinco meses de investigação, eles percorreram 5 mil quilômetros em todas as regiões do estado. König comenta que, a princípio, eles só tinham informações sobre os problemas das delegacias como a de Guaraqueçaba, abandonada há dez anos mas no decorrer da apuração descobriram o caso dos "mordomóveis", viaturas que eram usadas por policiais para irem às compras e até a bordeis.
O material jornalístico teve grande repercussão e ocasionou mudanças nas regras do governo estadual para o uso dos recursos destinados à polícia. Além disso, a série também desencadeou o início de investigação do Ministério Público sobre o uso do dinheiro de um fundo de recursos destinados à atividade policial. Para o repórter Diego Ribeiro, o grande mérito da série foi a grande quantidade de provas reunidas, com banco de dados e vídeos. Tudo o que foi publicado tinha provas documentais, o que deu força ao material.
Trabalho
Os jornalistas passaram três meses na cola de delegados, investigadores e escrivães, para compor um quadro detalhado das denúncias que seriam feitas. "As viagens foram fundamentais para constatar que, de fato, não havia investimentos em muitas delegacias e foram essenciais para não cometermos nenhuma injustiça", conta o repórter Felippe Aníbal.
O trabalho meticuloso dos jornalistas tinha explicação: além de tomarem as precauções para se preservarem fisicamente, era preciso proteger a pauta. Se fossem notados, todo o trabalho de investigação seria comprometido. Nesse período, em apenas um momento foram flagrados por um dos policiais, já no final da apuração, o que não afetou o trabalho da reportagem.
Para o repórter fotográfico Albari Rosa, o diferencial deste trabalho foi a integração entre os jornalistas. "Eu participei de todas as fases, desde a análise de documentos até o trabalho de investigação. Todas as fotos e imagens que eu fiz foram fundamentais para o contexto que a gente queria desenvolver na reportagem", explica.
Depois da publicação do material, os jornalistas passaram a receber ameaças. "Hoje, uma das principais discussões da profissão é em relação a segurança dos jornalistas. Toda nossa equipe foi ameaçada, mas seguimos adiante. É importante mostrar que, mesmo com obstáculos, o jornalista não pode desistir", diz Ribeiro. Reconhecimento
Para a equipe responsável pela série, a revelação de que estão entre os finalistas do prêmio já é uma vitória, um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. "O jornalismo de profundidade é a tábua de salvação da profissão", diz König. Ele também ressalta que, mais do que o reconhecimento com a indicação para o prêmio, ficou feliz pelo retorno que tiveram nos canais de interatividade, abertos para que a população pudesse enviar denúncias. "Em poucos dias, recebemos mais de 400 mensagens de pessoas que acreditaram no nosso trabalho e quiseram contribuir também. A indicação só confirma o que os leitores notaram", diz.



