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Site do projeto traz um completo banco de dados | Reprodução
Site do projeto traz um completo banco de dados| Foto: Reprodução

Resultado do prêmio será divulgado em novembro

As reportagens dos jornalistas da Gazeta do Povo concorrem com outros cinco trabalhos na categoria Regional Sul. Três deles são do jornal gaúcho Zero Hora: "Filho da Rua", de Letícia Duarte; "Meninos Condenados", de Adriana Irion e José Luís Costa; e "Negócios da UFPEL", de Carlos Etchichury e Joice Bacelo. Completa a lista das reportagens concorrentes a série "Órfãos do Brasil", de Mônica Amanda Foltran, do Jornal Diário Catarinense, de Florianópolis. O resultado da premiação, com os vencedores de cada categoria, será divulgado no próximo dia 12 de novembro.

O Esso é o mais importante prêmio do jornalismo brasileiro. O título é concedido desde 1956, com o objetivo de homenagear as reportagens mais importantes publicadas no ano. Em 2012, 1.302 trabalhos foram inscritos em 12 categorias. Concorrem ao prêmio 70 finalistas – 35 de texto, 15 de criação gráfica, 10 de fotografia e 10 de telejornalismo. Para chegar aos indicados, todos os materiais são submetidos a entre seis e 13 jurados.

Os jornalistas Mauri König, Diego Ribeiro, Felippe Aníbal e Albari Rosa são finalistas do Prêmio Esso 2012 na categoria Regional Sul com a série "Polícia Fora da Lei", da Gazeta do Povo. As reportagens foram publicadas no mês de junho, com denúncias de irregularidades na utilização dos recursos públicos e equipamentos destinados ao trabalho da polícia paranaense.

Confira todas as reportagens da série Polícia Fora da Lei, da Gazeta do Povo

A série começou a tomar forma depois que informantes passaram materiais para os jornalistas. "Essa é a prova da relação de confiança que existe entre fonte e jornalista", ressalta o repórter Mauri König. Para os jornalistas, além da confiança no trabalho desenvolvido pela equipe, o vazamento das primeiras informações mostram que boa parte da polícia sabe dos problemas da corporação e tenta lutar contra essas falhas de alguma forma.

Depois de avaliarem os materiais, os repórteres iniciaram o trabalho de campo. Durante cinco meses de investigação, eles percorreram 5 mil quilômetros em todas as regiões do estado. König comenta que, a princípio, eles só tinham informações sobre os problemas das delegacias – como a de Guaraqueçaba, abandonada há dez anos – mas no decorrer da apuração descobriram o caso dos "mordomóveis", viaturas que eram usadas por policiais para irem às compras e até a bordeis.

O material jornalístico teve grande repercussão e ocasionou mudanças nas regras do governo estadual para o uso dos recursos destinados à polícia. Além disso, a série também desencadeou o início de investigação do Ministério Público sobre o uso do dinheiro de um fundo de recursos destinados à atividade policial. Para o repórter Diego Ribeiro, o grande mérito da série foi a grande quantidade de provas reunidas, com banco de dados e vídeos. Tudo o que foi publicado tinha provas documentais, o que deu força ao material.

Trabalho

Os jornalistas passaram três meses na cola de delegados, investigadores e escrivães, para compor um quadro detalhado das denúncias que seriam feitas. "As viagens foram fundamentais para constatar que, de fato, não havia investimentos em muitas delegacias e foram essenciais para não cometermos nenhuma injustiça", conta o repórter Felippe Aníbal.

O trabalho meticuloso dos jornalistas tinha explicação: além de tomarem as precauções para se preservarem fisicamente, era preciso proteger a pauta. Se fossem notados, todo o trabalho de investigação seria comprometido. Nesse período, em apenas um momento foram flagrados por um dos policiais, já no final da apuração, o que não afetou o trabalho da reportagem.

Para o repórter fotográfico Albari Rosa, o diferencial deste trabalho foi a integração entre os jornalistas. "Eu participei de todas as fases, desde a análise de documentos até o trabalho de investigação. Todas as fotos e imagens que eu fiz foram fundamentais para o contexto que a gente queria desenvolver na reportagem", explica.

Depois da publicação do material, os jornalistas passaram a receber ameaças. "Hoje, uma das principais discussões da profissão é em relação a segurança dos jornalistas. Toda nossa equipe foi ameaçada, mas seguimos adiante. É importante mostrar que, mesmo com obstáculos, o jornalista não pode desistir", diz Ribeiro. Reconhecimento

Para a equipe responsável pela série, a revelação de que estão entre os finalistas do prêmio já é uma vitória, um reconhecimento pelo trabalho desenvolvido. "O jornalismo de profundidade é a tábua de salvação da profissão", diz König. Ele também ressalta que, mais do que o reconhecimento com a indicação para o prêmio, ficou feliz pelo retorno que tiveram nos canais de interatividade, abertos para que a população pudesse enviar denúncias. "Em poucos dias, recebemos mais de 400 mensagens de pessoas que acreditaram no nosso trabalho e quiseram contribuir também. A indicação só confirma o que os leitores notaram", diz.

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