Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
voo 1907

Sistema contra colisão estava ligado, garante piloto do Legacy

Joseph Lapore, que pilotava jato que se chocou com um Boeing da Gol em 2006, diz que equipamento pode ter tido uma pane. Sentença sai neste mês

Durante o depoimento, Lapore disse que tentou 20 vezes fazer contato com controladores em Brasília, sem sucesso | Fábio Rodriguez Possebom/ ABr
Durante o depoimento, Lapore disse que tentou 20 vezes fazer contato com controladores em Brasília, sem sucesso (Foto: Fábio Rodriguez Possebom/ ABr)

O piloto norte-americano Joseph Lepore negou ontem que o equipamento anticolisão do jato Legacy estivesse desligado no momento do choque com o Boeing da Gol que fazia o voo 1907, em 2006. O acidente provocou a morte das 154 pessoas que estavam a bordo da aeronave brasileira. A investigação sobre o acidente revelou que o aparelho do Legacy estava desligado e voltou a funcionar logo após o choque entre as aeronaves. Lepore e Jan Paladino, que também pilotava o jato, são acusados de terem levantado voo com o sistema anticolisão desligado e de não terem acionado o transponder, equipamento que informa a posição da aeronave para o controle de trafego aéreo. Paladino foi ouvido na quarta-feira. Ambos prestaram depoimento em Nova York e foram ouvidos por videoconferência pelo juiz federal Murilo Mendes, de Sinop (MT). Mendes acompanhou os depoimentos no Departamento de Recu­peração de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Minis­tério da Justiça, em Brasília.

Durante o interrogatório, Lepore disse que a expressão "it’s off", utilizada em conversa gravada pela caixa-preta do Legacy logo após o acidente, indicava que o equipamento anticolisão não havia sinalizado nenhum tipo de choque, e não que ele estaria desligado. O piloto admitiu, entretanto, que alguns dias após o acidente foram constatados problemas com o equipamento. Lepore supôs que, se os aparelhos estavam com defeito, podem ter voltado a funcionar em decorrência do impacto com Boeing da Gol, quando seus sinais passaram a ser emitidos. Ele também negou que o jato estivesse voando em uma aerovia de mão única e na contramão. Segundo Lepore, ele e o colega fizeram 20 tentativas de contato com a torre de controle aéreo de Brasília na frequência indicada no plano de voo, mas não foram atendidos.

Sentença

O juiz Murilo Mendes abrirá agora prazo para as alegações finais da acusação e da defesa e, a seguir, deverá proferir a sentença. Lapore e Paladino estão indiciados por expor aeronave a perigo, crime previsto no artigo 261 do Código de Processo Penal, e podem pegar de dois a cinco anos de reclusão, mesma pena prevista para dois controladores de voo de Brasília que estavam de serviço na hora do acidente. A sentença pode sair até o final de abril. Outro processo foi aberto para os controladores de voo.

A acusação alega, baseada em relatório da Aeronáutica, que os pilotos desligaram o aparelho momentos antes do acidente e só o religaram após a colisão. Atualmente, Paladino trabalha na companhia American Airlines e Lepore continua na empresa de táxi aéreo ExcelAire, proprietária do Legacy.

A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 fez manifestações em algumas cidades para marcar os depoimentos e pedir a condenação dos pilotos. No dia 20, parentes das vítimas protestaram na frente do hotel Marriot, no Rio, onde estava hospedado o presidente americano, Barack Obama.

O Boeing da Gol fazia a rota Manaus-Rio, com previsão de uma escala em Brasília, no dia 29 de setembro de 2006, quando bateu no Legacy. Os destroços do Boeing caíram em área de mata fechada, a cerca de 200 quilômetros do município de Peixoto de Azevedo (MT). Mesmo avariado, o Legacy, que transportava sete pessoas, pousou em segurança em uma base na serra do Cachimbo (PA).

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.