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Durante o depoimento, Lapore disse que tentou 20 vezes fazer contato com controladores em Brasília, sem sucesso | Fábio Rodriguez Possebom/ ABr
Durante o depoimento, Lapore disse que tentou 20 vezes fazer contato com controladores em Brasília, sem sucesso| Foto: Fábio Rodriguez Possebom/ ABr

O piloto norte-americano Joseph Lepore negou ontem que o equipamento anticolisão do jato Legacy estivesse desligado no momento do choque com o Boeing da Gol que fazia o voo 1907, em 2006. O acidente provocou a morte das 154 pessoas que estavam a bordo da aeronave brasileira. A investigação sobre o acidente revelou que o aparelho do Legacy estava desligado e voltou a funcionar logo após o choque entre as aeronaves. Lepore e Jan Paladino, que também pilotava o jato, são acusados de terem levantado voo com o sistema anticolisão desligado e de não terem acionado o transponder, equipamento que informa a posição da aeronave para o controle de trafego aéreo. Paladino foi ouvido na quarta-feira. Ambos prestaram depoimento em Nova York e foram ouvidos por videoconferência pelo juiz federal Murilo Mendes, de Sinop (MT). Mendes acompanhou os depoimentos no Departamento de Recu­peração de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Minis­tério da Justiça, em Brasília.

Durante o interrogatório, Lepore disse que a expressão "it’s off", utilizada em conversa gravada pela caixa-preta do Legacy logo após o acidente, indicava que o equipamento anticolisão não havia sinalizado nenhum tipo de choque, e não que ele estaria desligado. O piloto admitiu, entretanto, que alguns dias após o acidente foram constatados problemas com o equipamento. Lepore supôs que, se os aparelhos estavam com defeito, podem ter voltado a funcionar em decorrência do impacto com Boeing da Gol, quando seus sinais passaram a ser emitidos. Ele também negou que o jato estivesse voando em uma aerovia de mão única e na contramão. Segundo Lepore, ele e o colega fizeram 20 tentativas de contato com a torre de controle aéreo de Brasília na frequência indicada no plano de voo, mas não foram atendidos.

Sentença

O juiz Murilo Mendes abrirá agora prazo para as alegações finais da acusação e da defesa e, a seguir, deverá proferir a sentença. Lapore e Paladino estão indiciados por expor aeronave a perigo, crime previsto no artigo 261 do Código de Processo Penal, e podem pegar de dois a cinco anos de reclusão, mesma pena prevista para dois controladores de voo de Brasília que estavam de serviço na hora do acidente. A sentença pode sair até o final de abril. Outro processo foi aberto para os controladores de voo.

A acusação alega, baseada em relatório da Aeronáutica, que os pilotos desligaram o aparelho momentos antes do acidente e só o religaram após a colisão. Atualmente, Paladino trabalha na companhia American Airlines e Lepore continua na empresa de táxi aéreo ExcelAire, proprietária do Legacy.

A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 fez manifestações em algumas cidades para marcar os depoimentos e pedir a condenação dos pilotos. No dia 20, parentes das vítimas protestaram na frente do hotel Marriot, no Rio, onde estava hospedado o presidente americano, Barack Obama.

O Boeing da Gol fazia a rota Manaus-Rio, com previsão de uma escala em Brasília, no dia 29 de setembro de 2006, quando bateu no Legacy. Os destroços do Boeing caíram em área de mata fechada, a cerca de 200 quilômetros do município de Peixoto de Azevedo (MT). Mesmo avariado, o Legacy, que transportava sete pessoas, pousou em segurança em uma base na serra do Cachimbo (PA).

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