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Carolina Lacerda passa no teste do bafômetro: mulheres são mais conscientes e dirigem nas estradas (quase) sempre longe do álcool | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Carolina Lacerda passa no teste do bafômetro: mulheres são mais conscientes e dirigem nas estradas (quase) sempre longe do álcool| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Dois casos raros chamaram a atenção da Polícia Rodoviária Fe­­­de­­­ral (PRF) no ano passado: uma mulher de 50 anos e um homem de 80 anos foram presos em flagrante por dirigirem embriagados nas rodovias federais que cortam o Paraná. Eles, na verdade, são exceção dentro do grupo de condutores infratores do artigo 306 do Có­­­­digo de Trânsito Brasileiro (CTB), que trata do crime de beber e dirigir. Em geral, são homens entre 24 e 46 anos, condutores de carros de passeio, que normalmente desrespeitam a lei e vão parar no xadrez. Os mais velhos e as mulheres dificilmente cometem esse tipo de infração nas estradas: uma mu­­­­lher para cada 68 homens foi pega pelo bafômetro desde que a lei seca entrou em vigor no Paraná, no dia 20 de ju­­­nho de 2008. Os dados são resultado de uma pesquisa por amostragem feita pela PRF: dos 1,6 mil mo­­­­­­toristas presos entre 2008 e 2009, 700 tiveram o perfil traçado na amostra.

Das 700 prisões analisadas, apenas 11 eram de motoristas mulheres (o teor alcoólico foi comprovado com teste de bafômetro). E a explicação dada pelos especialistas é de que elas são mais cautelosas na hora de dirigir nas rodovias e normalmente saem de carro com os filhos pequenos, por isso a atenção é redobrada. "É raro pegarmos uma mulher dirigindo embriagada. Elas são mais conscientes", explica o chefe de comunicação da PRF no Paraná, inspetor Fabiano Moreno. Ele lembra que a fiscalização é feita de maneira igualitária nas rodovias, ou seja, homens e mulheres são abordados aleatoriamente pelos policiais. "É claro que o universo de homens dirigindo nas estradas é muito maior, o que pode contribuir para elevar o porcentual de homens presos", afirma.

Na descida para as praias paranaenses no final do ano, pela BR-277, as motoristas Carolina Lacerda, 34 anos, e Arlete Rocha, 54 anos, fizeram o teste do bafômetro sem medo do resultado. "Não tomo bebidas alcoólicas quando vou dirigir", diz Arlete. "Sabia que iria dar negativo", fala Carolina com um sorriso estampado no rosto.

O soldado Adann Ferrarini, da Polícia Rodoviária Estadual (PRE), afirma que 90% dos crimes são cometidos por homens que extrapolam nas datas festivas. "É o cidadão de 40 anos, que leva uma vida normal, mas que decide extravazar durante um feriado ou final de ano. É assim que acontecem os acidentes", diz. A PRE não tem um levantamento sobre o perfil dos motoristas bêbados, mas somente durante a Operação Verão, que começou no dia 16 de dezembro, foram presos oito condutores embriagados e nenhum deles era mulher.

A maioria dos crimes (78%) é cometida por motoristas eventuais, que estão em carro de passeio, segundo a amostra da PRF. Apenas 8% foram caminhoneiros profissionais e 10% motociclistas. E as desculpas pela infração são sempre as mesmas: os motoristas presos dizem que beberam pouco a ponto de não influenciar na direção ou que irão dirigir por um pequeno trecho e que já irão parar. "Não existe uma quantidade segura de álcool para se beber e, depois, dirigir. As duas práticas não podem ser concomitantes", lembra Moreno. As infrações acontecem normalmente durante à noite e ma­­drugada (64%) e nos fins de semana. Além disso, 90% dos casos são de motoristas presos nas rodovias que cortam áreas urbanas ou nas estradas que ficam no entorno das cidades. "Muitas vezes o motorista bebe na cidade e pega a estrada para ir para casa, por exemplo. É mais difícil encontrar alguém que bebeu e depois vai viajar por horas", afirma Moreno.

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