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PM desmente toque de recolher no bairro

Patricia Pereira

O coronel e comandante da 1º Regional da Polícia Militar do Paraná, Ademar Cunha Sobrinho, negou que tenha havido um toque de recolher no bairro Uberaba durante entrevista coletiva realizada na tarde de ontem. "O que houve lá foi uma fofoca para tentar denegrir um trabalho que está dando certo", declarou.

Segundo o coronel, pessoas mal intencionadas entraram em contato com as escolas e se identificaram como policiais militares. Essas pessoas teriam dito que a orientação era para que as escolas fossem fechadas, mas foi opção das instituições atender à solicitação. "A Polícia Militar não faz esse tipo de serviço, as escolas foram fechadas única e exclusivamente porque eles não quiseram dar aulas", afirmou Cunha. "Esse boato criou um tumulto e uma correria desnecessários; pais até mesmo deixaram seus empregos", completou. Ainda segundo o coronel, não houve qualquer registro de atividade suspeita ao longo do dia no bairro.

Em relação ao aumento do policiamento na região, o comandante explica que foi uma ação que já estava programada na região, que recebeu a primeira Unidade Paraná Seguro (UPS) do estado. Segundo ele, o helicóptero que circulava pela área também fazia parte da operação. "Eu solicitei que esse helicóptero estivesse circulando em todas as áreas de UPS e quando eu soube dessa situação no Uberaba pedi que ficasse mais ali na região", explicou.

O reforço no policiamento deve permanecer no Uberaba pelo menos até o fim de semana, para tranquilizar os moradores. A UPS do Uberaba conta com o efetivo de 60 policiais. Com o reforço, serão 120. O trabalho pode ser estendido até segunda ou terça-feira, de acordo com a polícia.

Ameaças como a desta sexta-feira já aconteceram outras vezes, mas não há qualquer indício de que a área seja tomada por traficantes, informou Cunha. "É um bairro que atualmente está tranquilo", reforçou.

Às 15h21 de ontem, o pedreiro Abílio Gonçalves Ferreira, 50 anos, levava a neta de 3 anos pela mão nas ruas do Bolsão Audi-União, no bairro Uberaba, em Curitiba. Após a disseminação de um boato de que haveria um toque de recolher imposto por traficantes locais, pais foram informados por algumas escolas sobre o fechamento antecipado dos estabelecimentos. Ou simplesmente deixaram de levar os filhos às aulas com medo da violência. "Precisei sair do trabalho mais cedo para pegar a menina." Com sono, a criança seguia com o avô pelas ruas vazias.

Das sete escolas municipais existentes no Bolsão, nenhuma estava em funcionamento ontem à tarde. No entanto, conforme a superintendente de gestão educacional da Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, Rachel Simas, a orientação era que as escolas permanecessem abertas. A superintendente disse que a ordem partiu após a averiguação de que não haveria insegurança para alunos e funcionários. "Não há nada que justifique o pânico", argumentou. Segundo Rachel, os colégios que mantêm o programa Comunidade Escola na região, como as escolas Michel Khury, Maria Marli Piovezan, Raquel Mader e Marumbi, funcionarão normalmente amanhã.

Porém, pais de alunos do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Ana Proveller foram avisados para buscar os filhos antes do horário de saída das aulas, às 17 horas. "Os comentários que estamos ouvindo desde segunda-feira deixam todo mundo em alerta", comenta um pai que não quis se identificar. Na Escola Municipal Michel Khury um pequeno cartaz afixado no vidro informava sobre o não funcionamento do estabelecimento na tarde desta sexta-feira.

No CMEI Ilha do Mel, do outro lado da Avenida do Trabalhador, a situação era a mesma. Dos 37 alunos que foram para a escola, somente quatro ainda permaneciam no local às 15 horas. "Os pais chegaram aqui com medo. E a polícia só sabe dizer que não tem nada. É porque eles não moram por aqui", desabafou uma ajudante de cozinha que preferiu não se identificar.

O motivo

O toque de recolher surgiu na última segunda-feira, após a execução de Ezequiel dos Santos, 21 anos, na noite do dia 7 de setembro. "Kel", como era conhecido, estava entre os suspeitos de envolvimento em uma chacina ocorrida em 2009, que resultou na morte de oito pessoas. Há também a suspeita de que ele fosse o responsável por outros crimes cometidos na região nos últimos meses. "Com a morte do rapaz, grupos que dominam o tráfico de drogas estariam se movimentando", comenta uma liderança do bairro. O comentário que corre nas vilas é que o número de policiais aumentou nos últimos dias para evitar uma tragédia.

O vendedor de caldo de cana Valdemiro de Paula, 72 anos, precisou trabalhar em frente de casa. Normalmente ele se instala na Rua Helena Pierkarski, mas dessa vez Paula preferiu não se arriscar. Com o serviço, Paula consegue tirar em média R$ 50 por dia. Nos dois últimos, porém, não conseguiu vender nada.

A região é uma das 15 vilas do Uberaba atendidas pela Unidade Paraná Seguro (UPS) desde março. Nos últimos dias, conforme informações da Polícia Militar, os 62 policiais que trabalham de forma fixa na UPS ganharam reforço para incrementar o patrulhamento local.

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