Investigadores da Polícia Civil de União da Vitória estiveram ontem no acampamento de sem-terra 1º de Maio, em Bituruna, Centro-Sul do estado. A polícia apura o assassinato de Ademar Alves, executado na manhã de domingo por rivais eles disputavam a liderança do grupo.
Alves foi atingido por dez tiros e depois foi espancado até a morte na frente de sua esposa, Rosilene Lopes da Silva, de 18 anos, que está grávida de três meses. Os autores foram identificados, mas estão foragidos. O delegado Jonas Eduardo Peixoto do Amaral, de União da Vitória, diz acreditar que nos próximos dias podem surgir novidades sobre o paradeiro dos acusados.
Segundo a Polícia Militar de Bituruna, um boletim de ocorrência foi registrado por Alves no dia 28 de janeiro, após ter sido ameaçado por Valdemar Vaz um dos acusados de autoria dos disparos. Alves declarou que a ameaça era motivada pelo desacordo de Vaz em aceitar novos integrantes no acampamento. A situação foi se agravando e, na última sexta-feira, mais ameaças foram registradas, o que acabou gerando confusão em frente à delegacia.
Fabio Lima, integrante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e da Fundação Terra de Bituruna, relata que há cerca de um ano e meio o MST se retirou do acampamento. Segundo ele, a entidade discordava de alguns acordos que teriam sido firmados com empresas, o que "fere os ideais do movimento em preservação ambiental incorporado no uso responsável da terra".
O ouvidor agrário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Luasses Gonçalves dos Santos, comenta que o órgão espera das autoridades competentes a punição dos responsáveis, mas alega que, por ter sido um homicídio motivado por rivalidades internas, o órgão não tem poder para intervir. "O Incra acompanha situações que envolvem funcionários de fazenda ou a polícia em conflito com os sem-terra", comenta. "O crime em questão deve ser apurado e resolvido pela polícia."
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