O taxista responsável pela entrega da caixa com oito brigadeiros, que contaminaram quatro adolescentes em Curitiba no início desta semana, prestou depoimento no fim da tarde desta quinta-feira (15) na Delegacia de Homicídios (DH). As informações prestadas por ele mudaram o rumo da investigação do caso.
Segundo o homem que não teve o nome divulgado, uma mulher elegante, bem vestida o procurou próximo ao Shopping Pinheirinho e pediu para entregar a caixa com os bombons na casa da adolescente de 14 anos, no Jardim Futurama, no bairro Umbará.
Ela teria conversado com o taxista no ponto de táxi em frente ao shopping, na Avenida Winston Churchill, próximo ao cruzamento com a Rua Alberto Kosop, no Capão Raso. O homem disse que essa mulher pagou adiantado a corrida de R$ 16. Ele saiu da delegacia sem falar com a imprensa.
O delegado titular da DH, Rubens Recalcatti, disse que o taxista afirmou que saberia reconhecer a mulher se a visse novamente. "Agora vamos partir para identificar essa mulher", falou. Segundo ele, o depoimento muda a linha de investigação realizada até agora, que considerava a hipótese da motivação do envenenamento ser um desentendimento entre adolescentes. "Pode até ser que ela (a mulher) tenha a ver (com a discórdia), mas o local (do pedido da corrida) e perfil dela são diferentes", informou.
Na última segunda-feira (12), o taxista entregou uma caixa decorada com oito brigadeiros dentro e um bilhete para a adolescente de 14 anos. No papel, pede-se para a adolescente provar os doces, já que ela está organizando a festa de 15 anos dela. A menina acaba repartindo os bombons com os amigos que estavam na casa dela, um garoto de 17 anos, uma menina de 16 e outro rapaz de 13 anos. Todos passaram mal e precisaram de socorro médico.
Encontrado cabelo no brigadeiro
Um fio de cabelo pode ajudar a identificar o autor do envenenamento. Na perícia realizada pelo Instituto de Criminalística (IC) nos quatro doces que sobraram foi achado um cabelo em meio a massa de um dos bombons. A Polícia Civil já havia informado na quarta-feira (14) que acreditava ser "chumbinho" o veneno utilizado, já que pela característica do produto achado é semelhante ao raticida ilegal utilizado clandestinamente no Brasil e fabricado a partir de agrotóxicos.
Porém, a certeza sobre o tipo do veneno só sairá com o laudo oficial, previsto para ficar pronto na semana que vem. O "chumbinho" não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Adolescentes suspeitos
Pela manhã, cinco adolescentes estiveram na DH para prestar depoimento à polícia. Ele são suspeitos de terem tido desentendimentos com a adolescente de 14 anos, que recebeu os bombons em casa, supostamente para ela provar já que estaria organizando uma festa de 15 anos nos próximos dias. "São colegas de escola e colegas do bairro", explicou Recalcatti.
Todos negaram qualquer participação no episódio, mas eles foram submetidos a exames grafotécnicos e foi colhido material genético de cada um deles no Instituto de Criminalística (IC). A Polícia Civil pretende comparar a letra da grafia dos adolescentes com o bilhete enviado junto com os brigadeiros. E o material genético é para revelar uma possível compatibilidade com o cabelo encontrado em um dos brigadeiros.



