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Anvisa vai processar fabricante e importadoras do implante PIP | Juan Carlos Ulate/Reuters
Anvisa vai processar fabricante e importadoras do implante PIP| Foto: Juan Carlos Ulate/Reuters

Teste feito pela Agência Na­­cional de Vigilância Sanitária (Anvisa) comprovou que as próteses mamárias comercializadas no Brasil da empresa francesa PIP (Poly Implants Prothese) eram fraudadas. Das 306 amostras de implantes importados da marca analisada, 41% foram reprovadas no exame de resistência. "Quase metade dos lotes foi reprovada no quesito resistência mecânica", afirmou o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano.

Os testes revelaram ainda o uso de silicones de composição diferentes, alguns não autorizados pela Vigilância Sanitária e com alto risco de vazar e provocar inflamações. O gel usado nos produtos da PIP, no entanto, não era tóxico, conforme constatou a Anvisa. A agência gastou R$ 740 mil na realização do teste.

Escândalo

Há dois anos, houve denúncias de que os produtos da PIP usavam silicone industrial, tinham alto risco de rompimento e poderiam causar câncer. Na época, em vários países, como na França, onde ficava a sede da empresa, mulheres foram orientadas a retirar as próteses da marca. No ano passado, a Justiça decretou a prisão do dono da PIP.

Diante do escândalo mundial, a Anvisa proibiu a importação e venda das próteses mamárias da PIP e da holandesa Rofil, também denunciada pelos mesmo problemas. Técnicos da Anvisa fizeram inspeções em 15 fábricas de próteses mamárias, sendo 13 no exterior. A partir daí, as empresas e importadoras interessadas em vender silicone mamário no Brasil deveriam ter um selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro). Na semana passada, o Inmetro emitiu o primeiro certificado a uma empresa brasileira do setor, a Lifesil, de Curitiba. Uma segunda fabricante brasileira aguarda o certificado.

Barbano disse que agora, com a comprovação da fraude, a Anvisa irá recorrer a tribunais no país e no exterior para obter ressarcimento de empresas que importavam e comercializavam as próteses fraudadas e também aplicar nelas multa de até R$ 1,5 milhão. Os produtos da PIP eram comercializados no Brasil desde 2005. No país, 25 mil pessoas usam próteses mamárias da empresa. Nos últimos dois anos, a Anvisa recebeu 674 reclamações referentes a implantes mamários. Desse total, 150 eram relativos à ruptura do implante com próteses da PIP e da Rofil.

Fraudes à parte, o diretor-presidente da Anvisa observou que, mesmo com a fraude, no geral o número de rupturas de implantes mamários está abaixo da média aceita pelos organismos internacionais de saúde, que varia de 10% a 15%.

A Anvisa não fez testes de implantes da marca holandesa Rofil, que também usava o mesmo tipo de silicone da PIP, pois o importador não tinha mais exemplares da marca em estoque.

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