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Fronteira

Traficantes intimidam e aliciam pequenos agricultores no Oeste

Lago de Itaipu passa a ser alternativa para crime organizado após aperto da fiscalização

Foz do Iguaçu – Agricultores e assentados do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) na Região Oeste do Paraná estão sendo ameaçados e aliciados por traficantes. Após o aperto da fiscalização na Ponte da Amizade, fronteira entre o Brasil e o Paraguai, o crime organizado começou a explorar com mais freqüência a extensão de 1.350 quilômetros quadrados do Lago de Itaipu, passando a abordar moradores da região e até a alugar sítios para facilitar o transporte de maconha.

Conforme a Polícia Federal de Foz do Iguaçu, o alvo são principalmente os pequenos proprietários, geralmente sem instrução, com terras estrategicamente localizadas às margens do reservatório. Sob ameaça ou por aliciamento, os agricultores passam a auxiliar na logística mediante o recebimento de uma porcentagem da venda dos produtos.

O aliciamento ocorre principalmente em épocas de quebra na produção, em que a falta de dinheiro favorece o convencimento dos colonos. "É inocência separar a questão social da criminalidade. No momento de escassez de recursos, pessoas desesperadas podem tentar outra fonte de renda. E aqui acaba sendo uma fonte para eles", analisou o delegado-chefe do Núcleo de Operações da PF em Foz, Alexsander Noronha Dias. Agricultores presos por auxiliar no contrabando ou tráfico internacional de drogas podem ter os bens seqüestrados e contas bloqueadas.

Ocorrências

Os registros de ocorrências dessa natureza têm sido freqüentes. No início deste mês, três ex-integrantes do assentamento do Antônio Tavares – antiga Fazenda Mitacoré – foram indiciados pela Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu por tráfico de drogas. Deoclides Luiz Baú, 58 anos, e seus dois filhos, Rudinei, 32 anos, e Jonas 24 anos, são suspeitos de envolvimento com tráfico internacional de drogas, introduzidas no Brasil através do Lago de Itaipu. Antes de ser integrante do movimento, Baú era proprietário de um bar no Jardim Jupira, bairro de Foz do Iguaçu próximo à Ponte da Amizade. Os filhos dele têm antecedentes criminais.

Os indícios que apontam para a participação da família no tráfico surgiram quando policiais civis de São Miguel do Iguaçu observaram um caminhão carregado saindo do assentamento. Desconfiados, os agentes seguiram o veículo na BR-277, em direção a Cascavel. Ao perceber a perseguição, o motorista abandonou o veículo em movimento, conseguindo escapar.

Com o apoio de patrulheiros rodoviários federais, a Polícia Civil descobriu maconha em meio a sacos de ração para suínos, num total de 1.590 quilos. No mesmo dia, seguindo marcas do caminhão, os policiais encontraram, na casa de Baú, grades que faltavam na carroceria do caminhão e o mesmo tipo de ração usada para camuflar a droga. Em meio a um caminho que leva a um atracadouro, foram achados mais 130 quilos de maconha. "Imaginamos que eles quiseram roubar o dono da carga. Separando (parte das drogas) para eles mesmos venderem. É o que parece", disse o delegado da Polícia Civil em São Miguel do Iguaçu, Danilo Cesto.

Segundo Cesto, membros do MST também vistoriaram a área próxima ao local onde foi feita a segunda apreensão de drogas e encontraram mais 17 quilos de entorpecentes escondidos no meio do matagal. Por meios próprios, eles ainda teriam apurado que não só os filhos de Baú estariam envolvidos, mas também parentes de outros assentados. Mesmo com a inexistência de indícios do envolvimento de outros assentados, a polícia vai ouvir os líderes da fazenda. Ao total, foram apreendidos 1.737 quilos de maconha.

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