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São Paulo - Alexandre Santos nasceu Alexandra há 38 anos. Há oito, quando conheceu a nomenclatura "transexual’’, decidiu mudar de nome. Ele sente-se homem "desde que se conhece por gente’’. Veste-se como homem e comporta-se como homem. Entretanto, tem seios e menstrua, como uma mulher. "É um constrangimento’’, diz. O constrangimento está com os dias contados. Alexandre deve ser um dos primeiros pacientes operados pelo Hospital Pérola Byington, que começará a realizar gratuitamente, neste mês, a remoção de útero em mulheres que se sentem homens.

Em breve, de acordo com o governo do estado de São Paulo, ele também terá a opção de remover as mamas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em um hospital que ainda está em definição. Para passar pela cirurgia, os pacientes devem ter tido pelo menos dois anos de atendimento psicológico – cinco pessoas se encontram na espera.

Com a retirada do útero, os transexuais deixam de menstruar. Isso também previne o aparecimento de doenças, como câncer, que podem se desenvolver com a utilização de hormônios para modificar as características sexuais, como o tom de voz e os pelos. Com a retirada da mama, eles também não precisam mais usar artimanhas para esconder os seios. "Já coloquei muita faixa apertada, mas machucava muito porque tenho bastante seio. Minha estratégia foi engordar, assim eu ficava mais uniforme. Sei que não é saudável’’, conta Alexandre.

"Com a cirurgia, a pessoa poderá ter o tipo físico adequado à sua escolha, com o qual se sente mais confortável’’, afirma Tânia das Graças Mauadie Santana, coordenadora do ambulatório de sexologia do Pérola Byington. As duas cirurgias, na rede particular, podem custar em torno de R$ 12 mil e R$ 20 mil, afirma o cirurgião Jalma Jurado, especialista na área.

Os procedimentos passaram a ser permitidos pelo Conselho Federal de Medicina em setembro. Antes, eram "experimentais’’ e feitos, basicamente, em hospitais universitários, que seguiam protocolos científicos. Em São Paulo, as cirurgias são feitas pelo Hospital das Clínicas. "Mas em número muito pequeno’’, afirma Maria Clara Gianna, coordenadora do Centro de Referência e Treina­mento em DST/Aids da Secretaria de Saúde de SP. O hospital quer realizar de duas a quatro cirurgias/mês.

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