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Potencial acidente: senhora sofre para subir os degraus e se arrisca para transpor a ferrovia | Antônio More/ Gazeta do Povo
Potencial acidente: senhora sofre para subir os degraus e se arrisca para transpor a ferrovia| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Histórico

Quatro acidentes envolvendo pedestres durante travessias de trilhos foram registrados pela América Latina Logística (ALL) em Curitiba desde o início do ano passado até hoje. Relembre alguns casos:

Capão da Imbuía

Uma garota de 15 anos foi atropelada por um trem semana passada no trilho paralelo à Avenida Affonso Camargo. Ela teve fraturas expostas no pé e na perna.

Cajuru

Um carro que seguia pela Rua Amador Bueno foi atingido por um trem quando tentou cruzar os trilhos, mesmo com o outro veículo se aproximando. O acidente ocorreu no fim de julho deste ano.

Bacacheri

Um acidente envolvendo um ônibus e um trem deixou duas pessoas feridas em janeiro deste ano no cruzamento da linha férrea com a Avenida Munhoz da Rocha.

Cabral

Uma pessoa morreu ao ser atropelada por um trem na Avenida Paraná, em novembro de 2012.

Uberaba

Em novembro de 2011, um homem morreu atropelado na Rua Olindo Caetani, Vila Icaraí.

Umbará

Em outubro de 2010, um homem morreu atropelado por um trem na Rua Bortolo Pelanda.

Piraquara

Um menino de 11 anos teve um dos pés amputados após ser atropelado por um trem em Piraquara, em setembro de 2010. Um dia depois, um jovem foi atropelado em um trilho e teve perna e braço amputados.

Interatividade

As travessias improvisadas sobre trilhos devem ser adotadas e melhoradas pelo poder público ou fechadas para circulação de pedestres?

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Morador há 37 anos do bairro Cajuru, em Curitiba, o psicólogo Roger Tonon cresceu ouvindo o barulho dos vagões passando pelos trilhos a poucos metros de casa, no trecho da ferrovia entre as avenidas Maurício Fruet e Affonso Camargo. A passagem do trem de cargas, no entanto, logo deixou de suscitar boas lembranças da infância para trazer à tona apenas episódios de risco e acidentes envolvendo pedestres, que cruzam os trilhos por uma passagem improvisada com pedaços de concreto e degraus de madeira – apenas uma entre as inúmeras travessias informais que se multiplicam pela capital, ignoradas pelo poder público mas adotadas pelos moradores vizinhos à ferrovia.

Conforme a América Latina Logística (ALL), empresa que administra os serviços ferroviários no Paraná, há 48 passagens em nível "oficial" no perímetro urbano de Curitiba, construídas para proporcionar a segurança necessária para a travessia dos pedestres sobre os trilhos. Por outro lado, não há estatísticas sobre o número de caminhos "não oficiais", implantados ao longo do tempo pelos próprios curitibanos.

Apesar de amplamente utilizadas e visíveis à beira da ferrovia, as passagens improvisadas permanecem em uma espécie de limbo urbanístico: como não são reconhecidas pela ALL e prefeitura, as travessias não recebem melhorias e tampouco são desativadas. "Quem faz a manutenção [da travessia] são os próprios moradores. Mas é um simples carreiro, não tem iluminação ou um cuidado constante. É um lugar perigoso, todo dia passam idosos e crianças por ali", relata Tonon a respeito da passagem sobre o trilho que divide os bairros Cajuru e Capão da Imbuia.

Foi nesta travessia, inclusive, que uma adolescente foi atropelada por um trem há uma semana. Ela sobreviveu, mas teve fraturas no pé e na perna.

De acordo com a ALL, a responsabilidade pela manutenção dos cruzamentos já existentes é da prefeitura, que também teria a obrigação de implantar outros equipamentos urbanos que possibilitem a travessia em desnível da ferrovia, como passarelas – neste caso, os projetos das novas passagens precisam ser protocolados na empresa para serem analisados e posteriormente aprovados pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

A prefeitura afirma que o último convênio assinado com a ALL para a manutenção das travessias terminou em 2009 e, desde então, não foi renovado – o município não esclareceu se o serviço deixou de ser feito nos últimos quatro anos. Segundo a administração municipal, a concessionária entrou em abril deste ano com um pedido de renovação do convênio, que está sendo analisado pela Secretaria Municipal de Trânsito (Setran).

Moradores se unem para pedir melhorias

A construção de uma passagem em nível sobre o trilho do trem também é uma reivindicação antiga da Associação de Moradores Novo Horizonte, que integra 11 mil pessoas no bairro Ganchinho, em Curitiba. A região possui dois grandes loteamentos, separados por uma passagem da linha férrea. No local, há uma situação compartilhada por tantas outras comunidades na capital: o trilho isola parte dos moradores, dificultando o acesso ao comércio e aos serviços públicos que atendem famílias de ambos os lados.

Como em vários pontos de Curitiba, um "carreiro" foi feito sobre o trilho pelos próprios moradores – apesar de prática, a iniciativa está longe de oferecer segurança. Para pensar em uma alternativa, representantes da associação de moradores se reuniram há duas semanas com técnicos do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc) e funcionários da América latina Logística (ALL), que concordaram em repensar a travessia no trecho.

O Ippuc apresentou um projeto geométrico para a transposição da linha pelos moradores, com passagem em nível e passeios nos dois lados. A ALL autorizou a intervenção, mas ainda não há prazo para que ocorram obras no local.

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