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Três novos medicamentos para hepatite C que ampliam as chances de cura e reduzem o tempo de terapia passarão a ser ofertados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) este ano. As drogas – daclatasvir, sofosbuvir e simeprevir – tiveram sua adoção aprovada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias e, pelos cálculos do Ministério da Saúde, estarão disponíveis a partir do segundo semestre.

“O impacto da nova terapia será tamanho que já podemos começar a pensar em eliminar a hepatite C”, avaliou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Jarbas Barbosa. O tratamento tem taxa de cura de 90% - um porcentual significativamente maior do que o usado até agora: entre 50% e 70%.

A duração da terapia é de 12 semanas, menos do que as 48 necessárias para o tratamento atual. Além de mais eficaz, o tratamento provoca muito menos desconforto para os pacientes: os efeitos colaterais são menores e a medicação é oral.

“É uma esperança, principalmente para quem já fez dois, três tratamentos e não teve bons resultados”, afirmou o diretor do Movimento Brasileiro de Luta Contra Hepatites Virais, Jeová Pessin Fragoso. Ele afirma estar preocupado, no entanto, com a indicação que será dada para os remédios. “Como a terapia é cara, certamente haverá limitações”, completou.

O secretário afirmou que os novos remédios poderão ser indicados tanto para pacientes que acabaram de receber o diagnóstico quanto para aqueles que já completaram o tratamento tradicional, mas que não se curaram. Aqueles que estão usando medicamentos atuais deverão manter a terapia.

Para o primeiro ano, deverá ser adquirido o suficiente para o atendimento de 15 mil pacientes. A estimativa do governo é a de que a compra seja num valor de R$ 500 milhões. O preço médio de cada tratamento é de US$ 70 mil. “É um valor alto. Mas estamos negociando a redução dos valores. Além disso, é preciso avaliar o ganho para o paciente. Sem falar na prevenção de tratamentos para cirrose ou de transplantes”, completou Barbosa.

Patente

Um dos medicamentos usados no esquema, o sofosbuvir, é alvo de uma movimentação internacional, que questiona a legitimidade da patente. No Brasil, o movimento é representado pelo Grupo de Trabalho em Propriedade Intelectual da Rede Brasileira pela Integração dos Povos. Para integrantes do grupo, a concessão imerecida da patente para empresa Gilead poderia impedir o acesso de milhares de pessoas ao tratamento. Neste movimento, ações de oposição a patente foram apresentadas na Argentina, no Brasil, China, Rússia e Ucrânia.

O secretário do Ministério da Saúde afirmou que o embate foi levado em consideração. “Mas essa discussão poderia levar meses, o que faria com que pacientes ficassem sem um tratamento de melhor eficácia”, disse. Barbosa observou que o contrato de compra será realizado com curta duração, justamente tendo em perspectiva essa possibilidade de, em futuro próximo, versões genéricas dos medicamentos estarem disponíveis.

“Além de genéricos, há perspectivas de que novas gerações dessas drogas que agora incorporamos apareçam. Daí a opção para uma compra com período de tempo menor.”

A hepatite C é causada por um vírus transmitido por meio de transfusão de sangue, compartilhamento de material para preparo e uso de drogas, objetos de higiene pessoal - como lâminas de barbear e depilar -, alicates de unha, além de outros objetos que furam ou cortam na confecção de tatuagem e colocação de piercings. Estima-se que no Brasil entre 1,4 a 1,7 milhão de pessoas tenham tido contato com o vírus. A maior parte do grupo formado por pessoas com 45 anos ou mais. “Muitos não sabem que estão infectados. Daí a necessidade de que pessoas nessa faixa etária, mesmo que imaginam que não tenham tido uma situação de risco, façam o teste”, disse Barbosa.

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