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Em novembro, a polícia realizou a reconstituição da morte dos jovens | Pedro Serapio / Agência de Notícias Gazeta do Povo
Em novembro, a polícia realizou a reconstituição da morte dos jovens| Foto: Pedro Serapio / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Se condenados, os policiais podem receber penas de 12 a 34 anos de prisão

Veja o nome dos policiais envolvidos

2º Tenente Otávio Lucio Roncáglio Cabo Josué Antônio do Nascimento Martins Soldado João Carlos da Silveira Soldado Wagner Vinicius Mendes Soldado Rafael Luiz Martins Soldado Marcio Luiz Biscaia Soldado Marcio José Kinap Soldado Elcio Cavalheiro Soldado Luis Carlos Carstenzen Soldado Claiton Magalhães Soldado Vanderlei Camargo Delgado Soldado Marcio Silva de Oliveira Soldado Daniel Alves David

Os 13 policiais militares que teriam executado cinco jovens na noite de 11 setembro no bairro Alto da Glória, em Curitiba, foram denunciados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) nesta quinta-feira (17). As câmeras de segurança de uma clínica registraram o momento em que os policiais abordaram os rapazes. Segundo o MP-PR, as imagens mostram que a ação dos policiais foi rápidae as vítimas foram dominadas.

Na versão dos policiais, as equipes das Rondas Ostensivas Tático Móvel (ROTAM) teriam perseguido o veículo Gol, ocupado pelos cinco rapazes, até a Rua Nicolau Maeder. O carro acabou batendo no divisor da pista e os ocupantes teriam desembarcado atirando. Na troca de tiros, dois dos rapazes teriam sido baleados e os outros correram para um terreno próximo. Neste local, houve novo confronto e todos os jovens acabaram baleados. Davi Leite de Freitas, Josemar Bernardo, Thobias Rosa Lima, Salatiel Aarão Rosa Lima e Éderson Miranda foram encaminhados pelos próprios policiais ao Hospital Cajuru, e morreram.

De acordo com as investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), ficou evidente que os cinco jovens foram dominados pelos policiais no momento da abordagem do veículo e posteriormente levados até o bairro Atuba, onde foram mortos. A investigação também apontou a participação de outras duas equipes de policiais da região, além da ROTAM.

As viaturas foram flagradas por um radar da URBS passando juntas em direção ao Atuba. Essas viaturas de área contavam com um sistema de monitoramento via GPS, e o trajeto percorrido por elas ficou registrado, confirmando a saída da região do Alto da Glória até o Atuba, onde permaneceram por cerca de seis minutos, para somente então se deslocarem para o Hospital Cajuru.

Ainda segundo as investigações, no mesmo horário em que as viaturas permaneceram paradas no Atuba, o 190, número de emergência da polícia, recebeu varias ligações informando a ocorrência de intenso tiroteio e a presença de PMs. O tiroteio teria durado cerca de cinco minutos. Já no Alto da Glória, nenhuma das testemunhas residentes acusou qualquer tiroteio naquela data.

O MP-PR concluiu que as cinco vítimas foram executadas por motivo torpe, em atitude típica de grupo de extermínio, com emprego de meio cruel e sem qualquer chance de defesa, caracterizando-se todos os cinco homicídios como triplamente qualificados. Os policiais foram também denunciados por crime de fraude processual, pois teriam alterado a cena do crime, retirando algumas cápsulas deflagradas no Atuba e colocando o material no terreno na Rua Doutor Zamenhof, no Alto da Glória, apontado por eles como sendo o local do segundo confronto.Atendimento só pelo Siate

Depois da morte dos cinco jovens, o governador Roberto Requião (PMDB) determinou que somente o Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (Siate) pode fazer o atendimento e a remoção das pessoas feridas em confrontos armados com a polícia.

"Quando houver confronto de policiais com marginais, os policiais não poderão mais recolher as vítimas e levá-las para os hospitais. Isso era feito para dar mais agilidade no atendimento, só que esta é uma tarefa do Siate. Estamos mudando esses procedimentos para que a sociedade tenha a garantia que a nossa polícia é firme, mas não é violenta. Não aceitamos excessos", disse o governador na época.

Outros casos

Durante este ano a PM também teve outros casos de troca de tiros contra suspeitos. No mês de maio, uma tentativa de resgate no Fórum de São José dos Pinhais, na região metropolitana, terminou com a morte de William Lopez Clausen. No mês de junho, um rapaz acusado de praticar uma série de roubos em mercados de Curitiba e região trocou tiros com a polícia. Ele chegou a ser encaminhado ao Hospital Cajuru, mas não resistiu e morreu.

No dia 9 de abril, quatro homens foram mortos durante uma troca de tiros com a PM, após terem cometido um assalto no Jardim Social. No mesmo mês, manifestantes realizaram um protesto pela morte do repositor de supermercado Diogo Chote, de 24 anos, que foi atingido por quatro disparos. Na época, policiais afirmaram que houve uma troca de tiros.

Em março, seis homens de um mesmo grupo criminoso foram mortos pela PM, em três confrontos sucessivos em Colombo. No final do mês de fevereiro, um suspeito de assalto também reagiu a tiros a uma ação policial e foi morto.

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