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O Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) aponta irregularidades estruturais na Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba (SPAC). A situação foi constatada após ser firmada uma parceria entre a universidade e a entidade. A UFPR informa que está sendo realizado um relatório que aponta falta de técnica séptica para a realização de cirurgias em geral, incluindo castração, o que causa sofrimento aos animais. "Além disso, não há protocolo de prevenção de doenças para os animais abrigados, incluindo vacinas".

"Por isso, 100% dos filhotes que adentram a entidade morrem de doenças infecciosas", afirma a professora Rita de Cassia Maria Garcia, responsável pela disciplina de Medicina Veterinária do Coletivo, em nota distribuída pela assessoria da universidade.

Segundo ela, a parceria com a SPAC começou em outubro deste ano, com objetivo de elaborar um diagnóstico da atuação da sociedade e posteriormente um convênio para melhorar o bem-estar dos animais abrigados. No entanto, a professora alega que as condições estruturais da entidade não permitiram o trabalho. Segundo ela, a situação pode ser definida como maus-tratos, o que é um crime federal. A universidade diz que até prática ilegal da profissão de médico veterinário foi detectada.

"Em nenhum momento pedimos para que a SPAC deixe de funcionar, mas que interrompa as cirurgias e a recepção de novos animais, dando atendimento adequado aos que lá estão", explica Rita. Os professores ofereceram alternativas de instituições para atendimento dos animais, uma vez que os preços da SPAC são os mesmos praticados por algumas clínicas veterinárias particulares da região.

"A UFPR não pode atuar num ambiente onde atos ilegais estão sendo cometidos", complementa a professora.

Um relatório apontando todas as irregularidades está sendo elaborado pela equipe da UFPR e será encaminhado ao Ministério Público do Paraná (MP-PR).

A reportagem tentou contato direto com a professora para detalhar as irregularidades verificadas na entidade, mas ainda não obteve êxito.

Outro lado

A presidente do SPAC, Soraya Simon, rechaça parte das críticas da UFPR. "Ninguém exerce profissão irregular. Falaram até que não havia limpeza de material. A gente tem estufa. É um absurdo", afirma. Ela confirma que a estrutura física não é a ideal. "A estrutura é precária e não é a ideal para fazer cirurgias. Mas se a gente não faz quem fará?", questiona Soraya.

Segundo ela, a entidade está superlotada, com aproximadamente 800 animais. "Estamos tentando melhorar essa situação", diz. Dentro das possibilidades, ela afirma que a SPAC caminha para desocupação do imóvel onde funcionam os atendimentos no bairro Santa Cândida.

"O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV) se ofereceu para nos ajudar a selecionar um local apropriado para a clínica, assim que conseguirmos levar todos os animais do Santa Cândida para sede em Colombo onde está sendo construída a sede própria", ressalta Soraya. Ela informa que a parceria com a universidade foi cancelada.

A presidente da entidade ainda diz que a morte de "100% dos animais" é inverídica. "A gente recebe animais doentes e feridos. Muitos não sobrevivem, mas outros sobrevivem e são colocados para doação. Além disso, estamos com problemas financeiros históricos", diz.

Quanto à vacinação dos animais, a presidente da Sociedade afirma que o protocolo de vacina recomendado pela universidade seria vacinar todos que entram na entidade. "Se vacinarmos doentes e animais debilitados, não sobreviverão com certeza. Somente animais saudáveis podem ser vacinados", diz Soraya.

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