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No Brasil, 33,5% das crianças entre 5 e 9 anos estão acima do peso adequado, o que representa que a cada três, uma é gorda. É o que mostram os dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 20 anos, o patamar de excesso de peso entre os meninos dessa idade mais do que dobrou: passou de 15% para 34,8%. Entre as meninas, a taxa quase triplicou no período e passou de 11,9% para 32%.

Segundo o IBGE, o excesso de peso tende a ser maior em áreas urbanas do que nas áreas rurais. E é justamente na Região Sudeste (onde estão as maiores concentrações urbanas) que há mais crianças obesas: são 39,7% dos meninos e 37,9% das meninas.

"As crianças de São Paulo, por exemplo, saem menos de casa do que as de Curitiba. A violência é tão grande que para andar três quadras até a escola, elas precisam ir com os pais. Além disso, raramente brincam na rua", diz a nutricionista Sandra Chemin, presidente do Conselho Regional de Nutricionistas da 3.ª Região. "A violência tirou as crianças das praças. Elas ficam vendo televisão ou jogando viodeogame", afirma o ministro da saúde, José Gomes Temporão.

Quem mora no Sudeste tem ainda acesso mais fácil aos restaurantes de fast-food e tende a levar uma vida mais agitada, com menos tempo para refeições adequadas. Para Sandra, o ideal seria investir arduamente em um programa de educação alimentar porque, inclusive nas escolas, as crianças estão comendo mais.

Entre os adolescentes, um quinto está com peso acima do padrão internacional estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). "O que preocupa é a tendência de aceleração, principalmente entre os jovens. Ou seja, está aumentando mais nos últimos anos do que vinha aumentando antes", disse o professor de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Carlos Monteiro. Ele defendeu a criação de uma política fiscal que torne produtos industrializados menos acessíveis do que alimentos. "Obesidade não se trata, se previne."

Visão distorcida

Ao entrevistar e medir a altura e o peso de estudantes do último ano do ensino fundamental em escolas públicas e privadas, o IBGE descobriu que 35,8% das meninas que se declararam "muito gordas" apresentavam estado nutricional adequado. Entre os meninos, 21,5% enquadraram-se na mesma situação. "Isso tem relação com certo padrão estético que está sendo vendido. Eu, que já sou um pouco mais antigo, fico meio chocado. Primeiro, porque é um padrão de beleza que se aproxima mais de lutadores de boxe e, no outro extremo, a uma magreza mórbida, que é explorada como padrão idealizado", comentou Temporão.

Um ponto a se comemorar é que diminuiu a desnutrição infantil no Brasil: em 1974 atingia 5,7% dos meninos e 5,4% das meninas, o índice caiu para 4,3% e 3,9% respectivamente em 2009.

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