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Numa noite de outubro de 1999, na periferia de Curitiba, o metalúrgico C.R, hoje com 43 anos e desempregado, atropelou um ciclista. Só se deu conta da gravidade do que havia acontecido quando viu o corpo estendido no chão, a dois metros do capô. O carro, garante, rodava devagar, pois havia neblina e a região era pródiga em acidentes, "por viver cheia de gente na pingaiada". Não adiantou. Um motorista que estava próximo chamou a polícia e o Siate. Cinco dias depois, a vítima veio a óbito no Hospital do Trabalhador. Foi quando começou uma batalha judicial que durou sete anos.

C.R. teve a carteira de habilitação suspensa por dois meses e em meados do ano passado se viu tardiamente condenado por homicídio culposo. Jamais reencontrou sua testemunha, o que poderia ter alterado a sentença. Deve cumprir medida alternativa, mas o local ainda não está determinado. "Estou esperando que me digam onde tenho de ir", avisa o homem que considera inadequada a pena recebida – "confio na justiça divina".

Segundo C.R, as testemunhas da vítima eram falsas e alegaram que o automóvel estava em alta velocidade. A família chegou a lhe pedir indenização próxima de R$ 200 mil. O acordo ficou em dez salários mínimos, que só serão pagos quando o réu conseguir um novo emprego. "Eu tinha atropelado dois cachorros até então. Fiquei chocado. Imagine meu estado ao ver que tirei a vida de um ser humano, mesmo sem querer. Foi difícil. Perdi a vontade de tudo." (JCF)

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