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Há quem diga que os chineses são fechados, que constituem a última comunidade étnica a se guardar em meio à capacidade brasileira de absorver e transformar culturas. No momento, é possível que essa visão espelhe certa verdade – muitas das famílias, afinal, são de imigração recente. Também é verdade, porém, que, em nossa cidade, seus filhos são vistos com uniformes de escolas tradicionais, como o colégio Bom Jesus. Ou seja: sem fazer alarde, à sua maneira, eles se preparam para assumir um papel cada vez mais destacado na comunidade local.

Não é possível, porém, pensar os chineses paranaenses apenas a partir de uma representação genérica. Em Curitiba, vemos diferentes grupos dentro da mesma comunidade: há imigrantes cantoneses que vieram nos anos setenta, na diáspora das colônias chinesas africanas por conta das revoluções em Moçambique e Angola; há os recém-chegados, oriundos de áreas empobrecidas da própria China e incorporados em uma estrutura de suporte econômico mútuo; há famílias taiwanesas, que, desde os anos noventa, chegam ao Paraná para trabalhar em diferentes segmentos econômicos e na difusão da cultura; há, por fim, executivos que chegam e deixam a cidade em um movimento próprio do capitalismo avançado.

A grande questão diz respeito ao perfil futuro da integração em nossa cidade. Não temos chinatowns ou bairros como o da Liberdade, em São Paulo, que encapsulam e fortalecem as manifestações culturais. Temos, sim, uma das maiores comunidades chinesas do país, um passado imigrante e uma forma muito própria de acolher pessoas e sua riqueza.

O futuro mais generoso, imagino, é o que nasce da soma entre o aumento da curiosidade local pela cultura chinesa e a disposição dos próprios chineses em, na medida das possibilidades do momento, reforçar a própria integração à comunidade local.

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