A Urbanização de Curitiba S/A Urbs usou, na terça-feira (3), à noite, os painéis eletrônicos das estações-tubo da Rede Integrada de Transporte (RIT) de Curitiba e Região Metropolitana para defender o aumento no preço da passagem de ônibus.
Nesses dispositivos, geralmente, constam informações como o nome da linha, próximos horários e outros serviços. Mas, ao menos até esta quarta (4), os usuários puderam ler frases como "o aumento da tarifa é um esforço da prefeitura de Curitiba para manter a integração metropolitana" e "o reajuste é menor que a inflação. No mesmo período, salários dos motoristas e cobradores subiram em média 20%."
Para Doacir Quadros, professor de ciência política do Grupo Uninter, fica claro que as frases se tratam da defesa de uma tomada de decisão da prefeitura. "Deixando de lado o aspecto jurídico, eu posso afirmar que se for observar esse conflito entre prefeitura e governo já perdura há alguns anos [desde o início da gestão de Gustavo Fruet], não apenas na questão do transporte. Nesse caso específico, a Urbs está trazendo para o usuário o ponto de vista da Prefeitura de Curitiba, que está contrapondo o posicionamento do Governo do Estado."
Fabrício Tomio, professor de ciência pública da UFPR, também defende que a frase se trata da defesa de uma postura política e é diferente do caráter de serviço que os painéis costumam ter. "Não é uma informação ao usuário do transporte [do tipo próxima partida ou algum problema], nem uma informação genérica de utilidade pública. É, certamente, um argumento, da companhia e do município sobre uma decisão que tomou." O professor explica que não necessariamente manter a integração depende apenas do reajuste da passagem, já que essa não é a única alternativa que poderia ser dada ao problema.
A Urbs, via assessoria de imprensa, confirmou que a frase citada, assim como outras do gênero, foram publicadas nos painéis eletrônicos. A empresa defendeu que o espaço é usado exclusivamente para passar informações aos usuários e que em nenhum caso houve a defesa de posicionamento político. A Urbs argumenta que não citado o nome de nenhuma pessoa ou órgão e que as frases foram colocadas nos painéis para que os usuários saibam que se está tentando que não haja mudança na rotina do transporte coletivo.
