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Amélia de Sottomaior, 77 anos: cuidados com a própria saúde e da família | Priscila Forone/Gazet a do Povo
Amélia de Sottomaior, 77 anos: cuidados com a própria saúde e da família| Foto: Priscila Forone/Gazet a do Povo

Riscos de demência

Alguns fatores favorecem demências e senilidades. Veja quais:

> Falta de atividade física

> Dieta rica em gordura animal

> Pressão arterial descontrolada

> Diabete

> Traumas cranianos

> Falta de atividade mental

> Tabagismo

> Alcoolismo

Sinais de senilidade

Alguns comportamentos dos idosos podem ajudar a diagnosticar doenças que comprometem a saúde mental. Aproveite o feriado para prestar atenção.

> Memória – esquecimento de fatos recentes, eventos e compromissos, confusão com nomes de familiares.

> Raciocínio – perda da linha de pensamento, histórias contadas repetidamente, confusão em relação a dinheiro/valores.

> Rotina – objetos guardados em lugares inusitados, desleixo com aparência pessoal e higiene, hábitos de alimentação desordenados, medicamentos negligenciados.

> Comportamento – irritabilidade, isolamento, mudanças bruscas de humor.

Abordagem precisa ser cercada de carinho

Tão importante quanto identificar sinais de risco à saúde do idoso é fazer a abordagem desse paciente e tratar do assunto com irmãos e familiares corresponsáveis. Em geral, a observação de quem mora longe pode ferir suscetibilidades dos parentes mais próximos, envolvidos no dia a dia do idoso e que podem sentir-se cobrados diante da constatação de algum sinal de risco. "A doença senil afeta a família inteira. Filhos também sentem-se culpados e impotentes. Alguns rejeitam, outros agridem os pais e os irmãos. Podem também sofrer de depressão, junto com o paciente. Por isso a questão é tão delicada", aponta o médico João Carlos Baracho.

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Casa de avó vira uma bagunça no fim do ano. Parentes de todas as paragens desembarcam para dias de festa, comilança e troca de presentes. Matar a saudade e colocar o assunto em dia com os familiares faz parte do feriado de Natal e ano-novo. Mas, entre um almoço e um café de tarde, vale a pena prestar atenção no comportamento dos mais velhos e notar se a rotina, ainda que alterada pelas visitas distantes, tem alguma mudança que me­­reça mais atenção do que as possíveis confusões passageiras que a convivência inesperada possa trazer.

Prestar atenção ao comportamento dos idosos vai ajudar a detectar falhas de memória corriqueiras, momentos de ausência, falta de apetite, baixo peso e até o descuido com a aparência pessoal e as tarefas domésticas. São sinais dificilmente percebidos durante o ano, nas conversas ao telefone – o meio mais comum que pais e netos usam para monitorar seus familiares mais idosos a distância. Por isso a aproximação que as festas de fim de ano proporcionam é importante para perceber problemas de saúde que podem ser contornados antes de evoluírem para doenças mais severas. Isso não significa que qualquer esquecimento na correria dos preparativos deva ser considerado um sintoma de senilidade. "Há pessoas jovens que, por causa do estresse, apresentam lapsos de memória. O importante é avaliar o conjunto dos fatores, que vão da idade até a associação com outros sintomas", explica o médico geriatra João Carlos Baracho.

O médico observa que a perda de memória não é uma característica típica do envelhecimento. Quem cuida da saúde, tem alimentação equilibrada e rotina de exercícios garante mais qualidade de vida e também tem a mente mais protegida. "O que há é uma atrofia típica da idade, de movimentos mais lentos, que fica mais intensa por volta dos 60, 65 anos. Se os si­­nais de demência ficam mais severos nesta fase, pode ser um indicativo de mal de Alzheimer", diz.

O processo senil, no entanto, não é restrito ao mal de Alzheimer. O idoso também pode sofrer de Comprometimento Cognitivo Leve (CCL). Com sintomas semelhantes ao Alzheimer, o CCL não tem idade para ocorrer e pode ser associado a outros problemas de saúde. Perda de memória recente, troca de nomes de filhos e familiares, objetos guardados em locais inusitados e a repetição de histórias são alguns dos comportamentos típicos. Mas o desempenho mental também pode ser alterado por outras doenças degenerativas, como disfunções da tireoide, diabete, colesterol alto, anemia ou problemas de absorção de nutrientes. "Nem tudo é demência e senilidade. Há casos em que a troca de medicamento ou o ajuste no tratamento de alguma doença crônica já tem reflexos no comportamento do paciente. São demências ou pré-demências reversíveis", explica o médico.

Olhos atentos

Há idosos que invertem os papéis com os filhos. E estão sempre alertas, tanto com a própria saúde quanto com a da família. A bibliotecária aposentada Amélia Elichsen de Sottomaior, 77 anos, trabalhou na área de saúde e não relaxa na atenção dedicada aos seus. Critica o hábito de fumar da filha de 50 anos e interveio na saúde do ex-marido, ao perceber que ele estava com problemas cardíacos. Ela mesma submete-se a check-ups anuais e, a qualquer alteração de humor ou comportamento, procura orientação médica. Há dois meses começou a ter lapsos de memória. Só se lembrava da chave do carro quando chegava à garagem, tinha ausências e esquecia onde guardava determinados objetos. "Procurei meu médico. Depois de uma bateria de exames, fui encaminhada para um neurologista e uma neuropsicóloga. Fiz alguns ajustes na medicação e estou ótima", comemora.

Por insistência de Amélia, o ex-marido acabou fazendo uma cirurgia para colocar um marca-passo. Mesmo após dez anos de separação, ela notou que a saúde dele não estava bem. Ela o convenceu a procurar um médico para investigar o cansaço que sentia. Foi quando ele descobriu uma grave cardiopatia, que exigia o uso do dispositivo. A vigilância não perdoa os hábitos da filha, que mora no prédio ao lado e a visita com frequência. "Ela fuma demais e anda muito estressada, por causa do trabalho. Isso não faz bem. Eu, na idade dela, tinha uma aparência muito melhor", brinca.

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Interatividade

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