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A estiagem e a queda no preço dos principais produtos agrícolas do Paraná derrubaram o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do estado para R$ 25,78 bilhões no ano passado – uma queda de 11,95% em relação a 2004, quando o VBP ficou em R$ 29,28 bilhões. Se corrigido pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), a variação real foi ainda maior: - 17,32%. É a primeira vez na história que o VBP tem queda de valores real e nominal, desde que ele começou a ser calculado, em 1991. Os números oficiais foram divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Paraná (Seab).

"O VBP significa o quanto de dinheiro foi gerado na porteira da fazenda", explica a chefe da divisão de Estatística do Deral, Gilka Cardoso Andretta. O valor refere-se, portanto, à produção primária da agricultura e pecuária paranaense. Para efeitos de cálculo, são considerados 509 itens. O estudo, além de constituir um verdadeiro raio-x da produção dos municípios, também serve para a divisão do bolo de 25% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) arrecadado pelo estado. As causas para a retração, segundo ela, estão na seca, na queda dos preços internacionais dos principais produtos do estado (agravada pela desvalorização do dólar) e também pela "desmotivação do produtor" por crises anteriores.

A principal queda na participação do VBP do Paraná aconteceu na região Norte, de 23% em 2004 para 20,9% no ano passado. Isso porque esta região é muito dependente das principais culturas do estado, como soja, milho, feijão e trigo. "Para se ter uma idéia, em junho deste ano essas quatro culturas são responsáveis por 91% das perdas", conta a chefe de Estatística do Deral.

Num cenário em que produtos tradicionais foram bastante afetados – por conta da seca e do dólar fraco – sobressaiu-se quem apostou em diversificação. Foi o caso de Francisco Beltrão, no sudoeste paranaense, que investiu no setor pecuário (suínos, aves de corte, postura e bovinocultura de leite) e teve um decréscimo no VBP de 5%, pequeno em relação à média estadual de 11,95%.

A responsabilidade da agricultura pela queda também fica evidenciada quando se observa que, também pela primeira vez na história do cálculo do VBP, a pecuária teve a maior participação na renda estadual (40,5%) em 2005, com faturamento de R$ 10,44 bilhões – crescimento de 1% em relação ao ano anterior. "Essa parte não é tão sofrível. Na pecuária é mais fácil de se contornar os efeitos da seca, ao contrário da agricultura", conclui Gilka Andretta.

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