
A prefeitura de Curitiba conseguiu vender quase metade dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Linha Verde no primeiro leilão realizado ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os investidores arremataram 141.588 dos 300 mil títulos da Operação Urbana Consorciada colocados à venda, totalizando uma arrecadação de R$ 28,3 milhões. O lance mínimo para a compra de cada certificado era de R$ 200.
Os Cepacs são títulos que possibilitam ao comprador aumentar o potencial construtivo na Linha Verde. Com a venda, a prefeitura pretende adquirir os recursos financeiros que faltam para a conclusão das obras do trecho norte da avenida, orçadas em R$ 225 milhões. Neste primeiro leilão, o município esperava arrecadar R$ 60 milhões.
O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver de Almeida, considerou positivo o resultado obtido na Bovespa. Ele afirma que o próximo passo agora é definir onde o dinheiro será investido. "Ainda vamos analisar qual área receberá os investimentos, mas já temos algumas alternativas. O objetivo é priorizar o trecho até o Atuba", diz.
A tendência é aplicar o recurso nas obras entre a Avenida Victor Ferreira do Amaral e a Rua Fagundes Varela, no bairro Bacacheri. Os R$ 28,3 milhões serão depositados em uma conta do Banco do Brasil e estarão disponível para a prefeitura até a próxima sexta-feira.
Novos leilões
Até o final deste ano, a prefeitura fará novos leilões de Cepacs, que devem totalizar R$ 515 milhões. Os títulos não comercializados ontem serão novamente colocados à venda. Especialistas em mercado imobiliário também consideraram positivo o resultado do primeiro leilão, mas não há consenso sobre os resultados das próximas operações na bolsa.
Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, o interesse nos novos leilões dependerá da agilidade nas obras da Linha Verde. Segundo ele, somente com boa estrutura urbana a região pode atrair investimentos e mais interessados nos Cepacs. "Se a prefeitura não mostrar trabalho agora, vai dificultar a captação futura. O que esperamos é a agilidade nas obras de urbanismo para que a região se torne atrativa para os clientes."
Já o professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Carlos Magno Andreoli diz que a resposta no primeiro leilão é um sinal de que os próximos podem atrair mais interessados. Para ele, a área, ainda pouco explorada pela iniciativa privada, é propícia a investimentos no setor de serviços, o que deve fomentar o interesse de novos empreendedores.
Grupo interessado em construir shopping compra 70% dos Cepacs
A participação de 18 investidores diferentes foi considerado pela prefeitura de Curitiba um indicador de sucesso do primeiro leilão de título da Linha Verde. Outras três operações semelhantes realizadas na Bovespa tiveram número de participantes menor. No leilão de títulos da Avenida Brigadeiro Faria de Lima, em São Paulo, apenas um investidor apresentou proposta. O mesmo ocorreu com a venda de Cepacs de Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Já no leilão da Operação Urbana Águas Espraiadas, em São Paulo, dez investidores arremataram parte dos títulos colocados à venda.
No caso da Linha Verde, embora qualquer pessoa física ou jurídica pudesse participar do leilão, a operação acabou dominada por empresas de grande porte. A prefeitura não confirma a informação, mas a construtora Casteval e os Grupo Maran e Tacla informaram ter arrematado 100 mil títulos, num total de R$ 20 milhões, cerca de 70% do total. As empresas planejam a construção do Jockey Park Shopping, no bairro Tarumã, em uma área de 91 mil metros quadrados. "A construção já era um compromisso antigo e agora podemos investir com mais amplitude", diz o presidente do Grupo Maran, Valmir Maran.



