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Dinheiro arrecadado com a venda dos Cepacs será aplicado na obras do trecho norte da Linha Verde, orçadas em R$ 225 milhões | Felipe Rosa/ Gazeta do Povo
Dinheiro arrecadado com a venda dos Cepacs será aplicado na obras do trecho norte da Linha Verde, orçadas em R$ 225 milhões| Foto: Felipe Rosa/ Gazeta do Povo

Tráfego pode desvalorizar os certificados

Integrar a Linha Verde à cidade é um dos principais objetivos da operação consorciada que financiará a conclusão da obra viária. Porém, segundo urbanistas, a sonhada integração ainda deve demorar. "É um processo longo, até porque a prefeitura iniciou a venda dos Cepacs mais tarde do que deveria. Se tivesse começado lá atrás, teria uma variação de mercado maior. Agora, até transformarem Cepac em metro quadrado, há um processo de médio e longo prazo. Além disso, ainda não há tanta pressão imobiliária sobre a Linha Verde", afirma o arquiteto Fábio Duarte, professor do mestrado e do doutorado em Gestão Urbana da PUCPR.

Além de ter de esperar, quem comprou potencial construtivo da região terá de conviver com a possibilidade de o tráfego na região piorar ainda mais. "Nesse caso, a tendência é uma redução no valor dos Cepacs. Esse título é de valor mobiliário e ninguém comprará numa região congestionada", explica.

Para o urbanista Carlos Hardt, também da PUCPR, é possível integrar a antiga rodovia ao restante da cidade sem engarrafá-la. "É preciso investir em vias alternativas para desafogar o fluxo de passagem, como o Corredor Metropolitano", diz, referindo-se à obra do governo do estado licitada com recursos do PAC da Mobilidade e que criará uma via alternativa de ligação entre Colombo e Araucária, na Grande Curitiba.

Raphael Marchiori, especial para a Gazeta do Povo

A prefeitura de Curitiba conseguiu vender quase metade dos Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) da Li­nha Verde no primeiro leilão realizado ontem, na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os investidores arremataram 141.588 dos 300 mil títulos da Operação Urbana Consorciada colocados à venda, totalizando uma arrecadação de R$ 28,3 milhões. O lance mínimo para a compra de cada certificado era de R$ 200.

Os Cepacs são títulos que possibilitam ao comprador aumentar o potencial construtivo na Linha Verde. Com a venda, a prefeitura pretende adquirir os recursos financeiros que faltam para a conclusão das obras do trecho norte da avenida, orçadas em R$ 225 milhões. Neste primeiro leilão, o município esperava arrecadar R$ 60 milhões.

O presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Cléver de Almeida, considerou positivo o resultado obtido na Bovespa. Ele afirma que o próximo passo agora é definir onde o dinheiro será investido. "Ainda vamos analisar qual área receberá os investimentos, mas já temos algumas alternativas. O objetivo é priorizar o trecho até o Atuba", diz.

A tendência é aplicar o recurso nas obras entre a Avenida Victor Ferreira do Amaral e a Rua Fagundes Varela, no bairro Bacacheri. Os R$ 28,3 milhões serão depositados em uma conta do Banco do Brasil e estarão disponível para a prefeitura até a próxima sexta-feira.

Novos leilões

Até o final deste ano, a prefeitura fará novos leilões de Cepacs, que devem totalizar R$ 515 milhões. Os títulos não comercializados ontem serão novamente colocados à venda. Especialistas em mercado imobiliário também consideraram positivo o resultado do primeiro leilão, mas não há consenso sobre os resultados das próximas operações na bolsa.

Para o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imo­biliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig, o interesse nos novos leilões dependerá da agilidade nas obras da Linha Verde. Segundo ele, somente com boa estrutura urbana a região pode atrair investimentos e mais interessados nos Cepacs. "Se a prefeitura não mostrar trabalho agora, vai dificultar a captação futura. O que esperamos é a agilidade nas obras de urbanismo para que a região se torne atrativa para os clientes."

Já o professor de Eco­no­mia da Pontifícia Uni­versidade Católica do Paraná (PUCPR) Carlos Magno An­dreoli diz que a resposta no primeiro leilão é um sinal de que os próximos podem atrair mais interessados. Para ele, a área, ainda pouco explorada pela iniciativa privada, é propícia a investimentos no setor de serviços, o que deve fomentar o interesse de novos empreendedores.

Grupo interessado em construir shopping compra 70% dos Cepacs

A participação de 18 investidores diferentes foi considerado pela prefeitura de Curitiba um indicador de sucesso do primeiro leilão de título da Linha Verde. Outras três operações semelhantes realizadas na Bovespa tiveram número de participantes menor. No leilão de títulos da Avenida Bri­­gadeiro Faria de Lima, em São Paulo, apenas um investidor apresentou proposta. O mesmo ocorreu com a venda de Cepacs de Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Já no leilão da Operação Urbana Águas Espraiadas, em São Paulo, dez investidores arremataram parte dos títulos colocados à venda.

No caso da Linha Verde, embora qualquer pessoa física ou jurídica pudesse participar do leilão, a operação acabou dominada por empresas de grande porte. A prefeitura não confirma a informação, mas a construtora Casteval e os Grupo Maran e Tacla informaram ter arrematado 100 mil títulos, num total de R$ 20 milhões, cerca de 70% do total. As empresas planejam a construção do Jockey Park Shopping, no bairro Tarumã, em uma área de 91 mil metros quadrados. "A construção já era um compromisso antigo e agora podemos investir com mais amplitude", diz o presidente do Grupo Maran, Valmir Maran.

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