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história

Casarão guarda memória colonial de Guaratuba

Construído no fim do século 18, imóvel tombado foi o único a resistir à erosão que destruiu boa parte da cidade em 1968

De arquitetura colonial, com comércio no andar terréo e moradia no superior, Casarão do Porto teve entre os materiais da construção conchas do mar | Antonio More/Gazeta do Povo
De arquitetura colonial, com comércio no andar terréo e moradia no superior, Casarão do Porto teve entre os materiais da construção conchas do mar (Foto: Antonio More/Gazeta do Povo)
Alugado para o município, o imóvel, que é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, abriga atualmente a Casa da Cultura |

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Alugado para o município, o imóvel, que é tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, abriga atualmente a Casa da Cultura

Guaratuba hoje é uma das cidades do Litoral que mais recebe turistas, mas já foi um município discreto e com características coloniais. A principal testemunha de toda essa transformação está no centro histórico da cidade: uma edificação do fim do século 18, das poucas no estado de antes da chegada do imperador Dom João VI ao país, em 1808, e que atualmente abriga a Casa da Cultura.

Quem visita a construção – também conhecida por Casarão do Porto, já que havia um pequeno atracadouro na frente do imóvel – pode ver detalhes de técnicas construtivas que praticamente não são mais utilizadas. As paredes preservam pedaços de conchas, utilizadas na mistura para fazer a cal usada no sustento da estrutura. Segundo o superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Paraná (Iphan-PR), o arquiteto José La Pastina Filho, usar conchas em construções era comum no Litoral de todo o Brasil na época. "Esse material era fácil de se encontrar, além de permitir que o prédio ficasse sólido e resistente. Inclusive, quem olhar bem, pode ver algumas conchas nas paredes do casarão", explica o arquiteto.

Apesar de a casa ter perdido muitos detalhes da construção original a cada restauração, como a estrutura interna feita de madeira e barro, o prédio ainda preserva espaços muito típicos da arquitetura colonial. Como a disposição dos ambientes, com comércio no andar térreo e moradia no superior. "Isso pode ser notado pela estrutura interna, com salões grandes para abrigar alguma venda ou cômodos para moradia", comenta o superintendente do Iphan-PR.

Além de ter abrigado vários comércios, o Casarão do Porto também serviu de abrigo para as vítimas da erosão que destruiu a maior parte do centro histórico de Guaratuba no final da década de 1960 (ler texto ao lado). Entre os imóveis destruídos em setembro de 1968, estava a antiga sede da prefeitura, construída com os mesmos materiais do casarão.

Patrimônio histórico

Tombado pelo Patrimônio Cultural do Paraná em 1960, o prédio não possui registro preciso sobre a data exata em que foi construído, já que boa parte da documentação oficial da cidade foi destruída pela erosão. Sobre a manutenção do edifício, a diretora municipal de Cultura de Guaratuba, Maria do Rocio Bevervanso, afirma que os antigos donos pouco fizeram para mantê-lo preservado. "Com o tempo, o prédio foi se deteriorando e perdendo muitas características de sua criação, pois foi adaptado para vários comércios", aponta. O imóvel abribou estabelecimentos como armazéns, lojas de armarinhos e até uma escola.

A casa ainda é de propriedade particular e está alugada à prefeitura de Guaratuba. Mas, de acordo com a diretora de Cultura da prefeitura, há interesse do município em adquiri-lo pelo valor histórico que possui.

O dono do imóvel, o médico Ronaldo da Rocha Loures, colocou a casa à venda no início de 2011, mas pretende apresentar proposta à prefeitura. "Já alugo a propriedade para o município há um ano e meio. Por isso a prefeitura tem prioridade na compra", afirma Loures.

Serviço:

O Casarão do Porto, atual sede da Casa da Cultura de Guaratuba, abre espaço para visitação de exposições sobre a história da cidade. O endereço é Avenida Afonso Botelho, s/n, em frente à Praça dos Namorados. Telefone: (41) 3472-8642

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